Nome do dia
Isidoro
Primeiro estranha-se, mas depois entranha-se: Isidoro é um nome verdadeiramente excecional. Do ponto de vista formal, é inatacável: não tem acentos, nem cedilhas, tem um belíssimo e bem aberto ‘o’ colocado centralmente e o sibilante ‘s’ precoce dá-lhe um acréscimo de distinção e de classe. Não sendo um nome muito frequente, é de fácil reconhecimento internacional, pois é homófono da marca Izidoro (esta com ‘z’ em vez de ‘s’), uma das marcas portuguesas mais fortes, com prestígio mundial apenas comparável ao do “vinho do porto” ou da Auto-Europa.
Isidoro provém de Isidoros, um nome grego formado a partir de Ísis e da palavra “doron”, que significa “dádiva”, “oferta”. Logo, Isidoro é “dádiva de Ísis”. Esta Ísis não é outra senão a deusa egípcia da vida e da magia. Ísis era venerada como a mãe ideal, e isso estabelece um interessante link entre a mãe do gaiato e a deusa, que só pode ser sumamente benfazejo. Além disso, trata-se de um nome com sólidas credenciais mediterrânicas, que se ajusta perfeitamente à nossa cultura.
Não há nenhum Isidoro que se tenham distinguido nas letras, nas artes ou nas ciências, o que é uma vantagem, pois o caminho está livre para o gaiato. O mais próximo que temos é a Isadora Duncan, que, segundo alguns, é a criadora da dança moderna, mas que, para azar dela, é sobretudo conhecida por ter morrido enforcada no cachecol enquanto passeava num automóvel descapotável,http://en.wikipedia.org/wiki/
Mesmo assim, houve em Portugal um importante Isidoro, injustamente pouco lembrado, hoje em dia: trata-se de Isidoro Maria Lopes, reformado da Caixa Geral, com licença, personagem central da rábula do Humberto Madeira recordada no poste precedente.
Se nas letras, artes e ciências não há nada a assinalar, já no capítulo da hagiografia temos o importantíssimo Santo Isidoro de Sevilha, doutor da Igreja, do período visigótico, “o homem mais douto do seu tempo”. Nesse período histórico, tão mal conhecido, não havia nem Portugal nem Espanha e a península estava toda “unificada” sob o poder visigótico, pelo menos desde o rei Leovigildo, no final do século VI. Santo Isidoro foi bispo de Sevilha no início do século VII. Portanto, podemos dizer que ele também é nosso, e não apenas espanhol. Sendo um santo menos conhecido entre nós, não obstante haver duas freguesias com o seu nome, em Mafra e em Marco de Canaveses, é a altura certa para o prestigiar, por meio do gaiato. http://grandessantos.blogspot.
Santo Isidoro debruçou-se sobre todos os ramos do conhecimento, e não apenas sobre os assuntos religiosos. Repare-se nesta interessante citação, extraída do site anterior: “não é coisa supersticiosa o conhecer o curso dos astros, os movimentos das ondas, a natureza do raio e do trovão, as causas das tempestades, dos terramotos, da chuva e da neve, das nuvens e do arco-íris”. Isso mesmo!
A obra principal de Santo Isidoro é o Etimologías, uma obra enciclopédica, que trata praticamente de tudo o que era conhecido na sua época. Para referência e como exemplo, vejam este estudo sobre o livro da aritmética, http://www.hottopos.com/geral/
Podemos adquirir uma edição bilingue do Etimologias na livraria online casadellibro.com, em http://www.casadellibro.com/
Não obstante este lapso da Amazon, Santo Isidoro é o santo padroeiro da Internet. Não é piada, é mesmo assim.http://www.elalmanaque.com/
Beijinhos
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