Temos portanto um gaiato ou uma gaiata, “due” em menos de dois meses e ainda desprovido de identificador. Hak obviar a tal situação urgentemente, e é fácil:
Se for homem, será Júlio; se for mulher, será Júlia.
Começando pelo setor masculino, com a autorização das senhoras presentes, lembremos que o Júlio original era o César, o qual é responsável pelo conceito de cesariana, método de dar à luz preferido do seu irmão mais velho, e, quem sabe (não que o auguremos) pelo nosso novo gaiato.
É verdade que o rapaz nascerá em maio (ou talvez mesmo em abril, se, como o irmão, estiver com pressa) e não em julho, qual o pai, o que calharia muito bem, já que julho é o mês do Júlio. Não há muita gente que se possa gabar de ter um mês inteiro só para si.
Aqui, é preciso esclarecer que Júlio não significa que nasceu no mês de julho. O mês de julho é que é assim chamado porque o senado romano decidiu homenagear o Júlio César dando o seu nome ao mês em que ele tinha nascido. Eu também acho que, nesta onda, o mês de junho devia ser chamado xavunho, em homenagem ao nosso anterior gaiato, que nesse mês auspiciosamente veio ao mundo.
Se Júlio não significa que nasceu em julho, que significa então? Significa que o Júlio é um fofo. Sim, precisamente! Aliás, o nome “Júlio” provém do grego “ioulus”, que significa mais ou menos o cabelo macio das crianças ou a barba dos adolescentes. Por isso, Júlio também significa jovem, o que é muito interessante. Aliás, uma investigação mais profunda sobre a origem o do nome permitiu descobrir que, aparentemente, em grego antigo, a palavra “oulos”, de onde depois derivou “ioulos”, significa “aquele que tem pelo”. Se atirar ao avô materno, o nosso gaiato terá muito pelo, e portanto Júlio fica-lhe a matar.
Por outro lado, se for gaiata, o nome ainda será mais apropriado, descontando a questão dos pelos faciais, pois fofura não lhe faltará, com certeza.
Aliás, basta pensar na Júlia mais famosa da atualidade, a Roberts, a qual é um paradigma para muitas mulheres, e uma fantasia para muitos homens, tenho de reconhecer... Não duvido que a nossa Júlia também começará a partir os corações dos gaiatos, logo a começar na Montessori, tal qual a Roberts fez ao Grant em Notting Hill. Claro que o filme mais famoso da Roberts, o Pretty Woman, terá de ser escondido da gaiata até ela ser mais crescidita. Mesmo assim não duvido que os pais a adormecerão ao som do Roy Orbison, talvez adaptando a letra: “pretty girl, give your smile to me”.
Em Portugal, temos vários Júlios/Júlias importantes, designadamente no audiovisual: o Isidro e a Pinheiro, o primeiro famoso por muitas razões, mas sobretudo pelo Passeio dos Alegres e a segunda pelas suas populares tardes. Tenho a certeza que a gaiata haverá de gostar de saber que em Portugal as tardes são da Júlia.
Mas a Júlia mais importante de todas, em Portugal e, designadamente em Lisboa, é a Júlia Florista. Como é sabido que o irmão da nossa gaiata tem queda para o fado, acho que devemos presenteá-lo com uma mana também fadista. A Júlia Florista, de seu nome Júlia de Oliveira, ia muitas vezes à praça de toiros do Campo Pequeno para aí vender as suas flores, mas não há registo de que se tenha cruzado com a avó materna na nossa Júlia na avenida Defensores de Chaves.
Internacionalmente, há um Júlio que certamente terá uma grande importância para o nosso gaiato ou para a nossa gaiata, dentro de pouco anos: o Verne. O nosso gaiato (ou na nossa gaiata) há de ser, como os pais, um grande viajante e há de empolgar-se desde cedo com o Phileas Fogg, na sua volta ao mundo em oitenta dias, e com o capitão Nemo, nas vinte mil léguas submarinas, sem esquecer a lula gigante! A mãe pode já ir preparando um Kindle com estas duas obras primas, para acrescentar ao Cat in the Hat.
Voltando ao âmbito nacional, não podemos deixar de referir um outro Júlio fundamental: o Pomar. Até porque um dos quadros mais famosos do Pomar retrata um primo do nosso novo gaiato ou gaiata:
Portanto, está decidido: ou Júlio ou Júlia.
Sem comentários:
Enviar um comentário