novidades do miudo e da bebe

a pedido das famílias, aqui ficam as fotos e novidades do X-kid e baby Y

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Nome do dia: Valentina, Joaquim

Para escolher o nome dos filhos, onde buscam os pais inspiração? Preferencialmente na própria família, entre os antepassados do iminente gaiato ou da iminente gaiata, ou então na Bíblia, que é uma verdadeira mina de nomes, ainda muito inexplorada. Num e noutro caso, os nomes escolhidos estabelecem a ligação entre o passado e o futuro, fazendo-nos lembrar que a nossa passagem nesta vida é fugaz e que nós somos apenas um elo de uma longa cadeia biológica, que, como mandava Darwin, temos a missão de ir apurando. Ao mesmo tempo, e na perspetiva transcendente, somos membros dessa grande família que é a Humanidade, a qual a nossa religião dominante vê como os “filhos de Deus”.

Sendo assim, o ideal é um nome que seja simultaneamente familiar e bíblico.

O nosso nome para o gaiato cumpre esse duplo desiderato na perfeição: Joaquim, que vem do hebraico Yehowyaqiym, significa literalmente “Jeová ascende”, que talvez possamos reinterpretar como “Deus está no céu” ou “Deus sobe ao céu”. Mais bíblico que isto será difícil de arranjar.
Para mais, Joaquim era notavelmente o nome do avô materno de Jesus Cristo, tal como era o nome do avô materno do avô materno do nosso novo gaiato ou gaiata. Portanto, calha mesmo a matar.



É verdade que sobre Joaquim, em Portugal, paira um estranho preconceito, de que é um nome demasiado popular, indiciador de baixa extração social. Como se ser popular fosse defeito e a sociedade estivesse estratificada em classes altas, baixas e assim-assim. A isso nós respondemos: abaixo os preconceitos; viva o nome Joaquim!

Também existe a falsa ideia de que Joaquim é um nome muito usado em Portugal e pouco usado noutros países, a ponto de os brasileiros, por exemplo, estarem convencidos de que todos os portugueses se chamam ou Manuel ou Joaquim. Prova deste errado convencimento é a famosa cadeia de botequins, Manoel e Juaquim, operada por um par de portugueses que com humor decidiu pôr a render a precipitada generalização. Eu, quando vou ao Rio, vou sempre beber um chopinho ao Manoel e Juaquim de Copacabana, ali bem na avenida atlântica, ao pé do posto 3, e tenho a certeza de que o nosso gaiato fará o mesmo, quando lá for. Sendo ele Joaquim, isso dar-lhe-á ainda mais gozo do que ao seu avô materno, que não teve a sorte de chamar-se nem Manuel nem Joaquim.

Em Portugal, há alguns Joaquins, mas não são assim tantos. O mais ilustre de todos é o Joaquim Agostinho, o maior ciclista português de todos os tempos e o único desportista luso com reconhecimento à escala mundial, fora do futebol. 

O Joaquim Agostinho participou várias vezes na volta à França, e ficou em terceiro lugar em 1978 e em 1979. Mas, na volta à França, recordamo-lo sobretudo pela sua histórica vitória em 1979 na mítica etapa de Alpe d’Huez.

Atualmente o mais famoso Joaquim deve ser o de Almeida, estrela da sétima arte, especialista no papel de gansgter ou rei da droga mexicano e, mais recentemente, no papel de José Ribeiro, emigrante português em Paris, no setor do batîment, no maior êxito da bilheteira dos últimos tempos, o filme a gaiola dourada. Ei-lo, no cartaz, juntamente com a Rita Blanco, que fazia de Maria Ribeiro, mulher de José Ribeiro e concierge de profissão, comme il faut:


Vem a propósito, porque a nosso Joaquim surge no seio de uma família portuguesa, com certeza, esta no Luxemburgo.

Aqui está o trailer, onde pontifica a dita Rita Branca, famosamente chamando o seu filho: “Pedro Henriiiiiiiique!”

O Joaquim Agostinho, o Joaquim de Almeida e os botequins Manoel e Juaquim asseguram ao nome um imediato reconhecimento internacional. Mas entendamo-nos: ao contrário do que falsamente muitos creem, há imensos Joaquins de destaque por esse mundo fora que não são portugueses, nem pouco mais ou menos. Temos, por exemplo, o notável ator americano, colega do Almeida, Joaquín Phoenix, que vimos no filme Gladiador, no papel do maléfico imperador Cómodo (de seu nome completo César Marco Aurélio Cómodo António Augusto), filho do estimado imperador Marco Aurélio (de seu nome completo César Marco Aurélio António Augusto), interpretado pelo Richard Harris, e de Faustina, a Menor (de seu nome completo Ana Valéria Faustina, tal como a mãe, e por isso apelidadade de “a menor”), irmão da bela Lucília (de seu nome completo Augusta Ana Aurélia Valéria Lucília), interpretada pela igualmente bela atriz dinamarquesa Connie Nielsen, a qual era amiga do general Máximo Décimo Merídio, o bom da fita, interpretado pelo Russell Crowe; o simpático príncipe Joaquim da Dinamarca (sim, há Joaquins na Dinamarca!); e o célebre bailarino espanhol Joaquim Cortês.

Mais para trás, temos o compositor italiano Joaquim António Rossini (em italiano Giaochino Antonio Rossini), autor de muitas óperas entre as quais uma das mais populares: o barbeiro de sevilha, com a sua fantástica abertura e com a icónica ária “largo al factotum” (em português, “abram alas ao faz-tudo”). Outra peça de Rossini, que toda a gente conhece ainda que talvez sem saber de onde vem ou a quem atribuir, é a abertura da ópera Guilherme Tell. Eis aqui a segunda parte da abertura, e atenção ao minuto 2:48. Este era o tema da histórica série “The Lone Ranger” nos primórdios da televisão em Portugal. Lembro-me como se tivesse sido ontem daquela entrada espetacutar do justiceiro, a galope no seu belo cavalo branco, o Silver, o mais famoso cavalos do Oeste, ao som daquela música completamente eletrificante, terminando com o Silver empinando-se e com o grito “Aiouuuu, Silver!” (em inglês, “Hi Yo Silver!”) Se um dia o nosso Joaquim brincar aos cowboys e índios como o seu avô materno, há de querer ser o Lone Ranger, e correr de um lado para o outro, sonhando que cavalga o Silver, trauteando a música do Rossini.

Para quem não conhece o Lone Ranger, aqui está um episódio e aqui um filme completo, a cores, de 1956.

É importante referir que se o Joaquim Rossini nos alimenta a alma com as suas músicas fabulosas, também nos ajuda a alimentar o corpo com o fantástico bife de que ele terá sida inspiração, o tornedó Rossini:


Aqui está a receita, que não seria necessária, pois toda a gente saber fazer este bife nas calmas.
Rivalizando com o tornedó, agora no âmbito piscícola, temos uma das obras-primas da gastronomia nacional, uma iguaria igualmente inigualável, os jaquinzinhos, que podem vir fritos, com arroz de tomate ou com açorda, por exemplo, ou em escabeche.


Na verdade, segundo a Internet, os jaquinzinhos são assim chamados “em honra” de um popular 
artesão sesimbrense, carpinteiro naval, de seu nome Joaquim da Encarnação, que era pequenito e magrizela. Reza a lenda, esta aparentemente verdadeira, que um pescador sesimbrense regressava da faina, a qual, pelos vistos, não tinha sido grande coisa, e alguém lhe perguntou o que tinha apanhado. O pescador, que só tinha pescado uns pelins—um pelim é um carapau jovem, na gíria sesimbrense—respondeu, que apenas trazia “uns pelinzinhos tão pequeninos como o ti Jaquinzinho”. A fadista Hermínia Silva (de seu nome completo Hermínia Silva Leite Guerreiro, e portanto presumível prima afastada do nosso Joaquim) que ia a Sesimbra com alguma frequência, ouviu a história e, com a irreverência e bom humor que a caraterizavam, mudou a letra do fado “vou dar de beber à dor… com uma ginginhas” para “vou dar de beber à dor … com uns jaquinzinhos”. Depois, os jaquinzinhos passaram a integrar a ementa da sua casa de fados, Solar da Hermínia, e o nome alastrou por todo o país.

Portanto, temos ementa para as festas de aniversário do gaiato: entrada, jaquizinhos fornecidos pelo avô materno, está combinado; prato principal: tornedós Joaquim (Rossini). Estes deixo ao cuidado do avô paterno, que tem bons contactos com produtores de carne alentejanos e não tenho dúvidas de que conseguirá obter bifes à altura do acontecimento. Para as crianças, talvez se possa simplificar, fazendo hambúrgueres Joaquim em vez de tornedós.

A propósito de Joaquins Antónios, como o Rossini, temos entre nós o de Aguiar, que tem uma importante rua em Lisboa, ali entre as Amoreiras e o Marquês, e que todos presumimos dever ter sido um personagem importante (pudera, com uma rua daquelas!) mas sem sabermos que foi primeiro ministro (na altura dizia-se presidente do conselho de ministros) por três vezes, ali por meados do século XIX. A sua medida mais conhecida for a extinção da ordens religiosas, em 1834, quando era ministro da justiça, no reinado de D. Pedro IV. Por causa disso ganhou a alcunha de Mata Frades.         
Esta breve resenha revela bem o caráter universal e universalista do nome Joaquim. Mas, se tal não bastasse, temos ainda o casa da Coreia. Na Coreia, um dos nomes mais frequentes é Kim: Kim Il Sung (o grande líder), Kim Jong Il (o supremo líder), Kim Jong Un (o grande sucessor), etc. Ora, ao que consta, este nome foi lá deixado por um aventureiro português de nome Joaquim, que era muito prolífico. Como os coreanos tinham dificuldade em pronunciar a letra jota, abreviaram para Kim e hoje em dia metade dos coreanos chamam-se Kim e também a Kim Basinger. Esta história é muito boa, mas receio que seja apócrifa.

Se Joaquim é nome de grandes homens (o Agostinho, o Rossini, etc.), Valentina é nome de uma grande mulher: Valentina Tereshkova, a primeira mulher a ir ao espaço.

Sim, é também um critério muito válido na escolha de um nome para uma nova gaiata: assinalar o nosso respeito e a nossa homenagem a alguém que muito fez pelo progresso da humanidade.

Vivemos uma época em que, em muitas partes do mundo há igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres, e noutras ainda não, é verdade. Temos hoje mulheres em todas as profissões, mesmo aquelas que antes eram em exclusivo dos homens: motoristas de táxi, engenheiras informáticas, treinadores  de futebol, por exemplo. Se alguém ainda pensa que as mulheres não podem exercer qualquer profissão, mesmo as tradicionalmente reservadas aos homens, ou é parvo ou não conhece a história da Valentina Tereshkova. Entendamo-nos: se uma mulher vai ao espaço numa casquinha de noz daquelas, e dá 48 voltas à terra em menos de três dias, o que na época era mais do que o tempo no espaço de todos ao astronautas americanos somados, então não há limites. End of discussion!

Nem seria preciso dizer, mas é claro que o nome Valentina vem da forma feminina do latim Valensius, que deriva de valens, significando forte, saudável, vigoroso, poderoso, bravo, valioso, valente. Tudo epítetos que desejamos para a nossa Valentina e que a Tereshkova exibia por demais.

Outra Valentina de destaque é a Lisitsa, uma das mais populares pianistas da atualidade. Ei-la interpretanto para nosso deleite e, em breve para deleita também da nossa Valentina, algumas peças famosas: a sonata ao luar, de Luís Beethoven, a appassionata, do mesmo Beethoven, tocada nas ruas de Paris, a valsa minuto, de Frederico Chopin, a polonaise heroica, do mesmo Chopin, a rapsódia húngara de Francisco Lizst (sim, Francisco), a dança do mortos, do mesmo Lizst (uma das minhas pianadas favoritas, em geral), prelúdio em sol menor de Sérgio Rachmaninoff, a rapsódia sobre um tema de Paganini, do mesmo Rachmaninoff, a sétima sonata (“Estalinegrado”) de um outro Sérgio, o Prokofiev, ao vivo na estação de São Pancrácio, em Londres, e novamente do Luís Beethoven, a bagatela para piano “para a Elisa”.

E, finalmente, especialmente para ajudar a adormecer a nossa Valentina, a canção de embalar, outra vez de Chopin, tocada pela Valentina pianista.

Se estas duas Valentinas, a Tereshkova e a Lisitsa, são mulheres interessantes (quero dizer, interessantes enquanto mulheres propriamente ditas, aos olhos de um homem, já que não restam dúvidas que são interessantes em sentido lato) a Valentina mais interessante de todas é um personagem ficcional, representando uma marca de perfumes, num famoso anúncio rodado nas ruas de Roma, protagonizado pela simpática modelo dinamarquesa (da terra de um famoso Joaquim, portanto) Freja Beha.

Portanto, o nome Valentina vem equipado com um perfume, o que facilita imenso a escolha de presentes para a gaiata: oferece-se-lhe frascos de perfume com o seu nome. A miúda há de adorar e não se fartará, por muitos frasquinhos que receba.


Curiosamente, o nome vem também equipado com uma fonte (fonte no sentido de tipo de letra...), que teremos de instalar nos nossos computadores, pois aposto que a nossa Valentina quererá usar em exclusivo essa fonte com o seu nome, em vez das banais Calibri, Verdana ou Times Roman.

Há uma outro grande pormenor (passe o oximoro) a favor do nome Valentina: partilha a letra inicial com o nome da mãe. Isso será extremamente prático no futuro longínquo (longínquo sim, mas nem por isso devemos deixar de planear desde já) quando a gaiata, então já senhora completamente madura, tiver de herdar da mãe os lençóis bordados e outras peças monogramadas, por exemplo jóias.


Claro que esta observação monogramática se aplica igualmente ao nome do gaiato, Joaquim, que partilha a inicial com o seu pai. Não cremos que neste caso haja lençóis e fronhas em causa, mas sim acessórios absolutamente masculinos: relógios e canetas de ouro, gravatas de seda italiana, botões de punho, por exemplo.


Outro pormenor ainda, este menor que o enorme pormenor de há pouco, mas ainda assim não muito menor do que esse pormenor: dá-se o caso de o apelido materno do avô materno, ser precisamente Valente, o que constituía uma forte premonição de que mais cedo ou mais tarde, naquela linha genealógica, havia de aparecer uma Valentina. Pois bem: é agora!

Nem sempre o que parece é. Nem sempre o que é parece. Não pareceria a muitos, mas, vistas bem as coisas, ponderados os contras e o prós, e mesmo dispensando uma exaustiva análise FOFA, a conclusão é óbvia: se for gaiata, Valentina; se for gaiato, Joaquim.


1 comentário:

  1. E já agora convém também lembrar que o avô materno da avó materna da criança também era Joaquim. E quando o gaiato for ao botequim Manoel e Joaquim pode ir com a avó materna, que assim fica logo a Manuel e o Joaquim!

    ResponderEliminar