novidades do miudo e da bebe

a pedido das famílias, aqui ficam as fotos e novidades do X-kid e baby Y

terça-feira, 27 de maio de 2014

Baby Y is here - It's a girl!!!


Depois de meses de espera e de incerteza eis que a nossa gaiata (sim agora ja podemos confirmar o sexo do ja famoso bebe Y!) resolveu aparecer.

Ora entao sem mais demoras vamos a introducoes:

Meus senhores e minhas senhoras apresento-vos Olivia Sousa Guerreiro, cidada portuguesa (ainda sem cartão do cidadão), nascida no solarengo dia de 19 de Maio de 2014 pelas 7h13 da manha na cidade do Luxemburgo. Senhora de elevada estatura (51 cm) e de uma elegância incomparável (3,245kg), Olivia apresenta um apetite de leoa e um charme so ao alcance das mais belas Olivias deste mundo.

Olivia, estes sao os meus senhores e as minhas senhoras (maioritariamente família e amigos mas como isto e a internet, uma pessoa não sabe bem quem anda a ler este blog).


Aqui fica um resumo destes quase 7 dias de vida:


Dia 0 - Acabadinha de nascer
Day 1 - Olivia com a familia babada: Tia Diana, Tio Henriiiiiiqueee e Avo Manel

Day 2 - Com o sr seu Pai

Day 2 - O sono dos justos

Day 3 - Em plena viagem entre a maternidade e o seu domicilio


Day 4 - a dormir na caminha de seus progenitores
Day 5 - Olivia ao colo de seu pai e junto de seu irmao Xavier


Day 6 - O primeiro banho em casa

Day 7 - Dia de reflexão e meditação

Welcome to the world Olivia!!!
XOXO
Vera & Joao


domingo, 18 de maio de 2014

Nome do dia: Olívia, Rafael

Escolher o nome do segundo filho é muito mais fácil do que escolher o nome do primeiro, mas, paradoxalmente, é, ao mesmo tempo, muito mais difícil.

Explico-me: por um lado o universo dos nomes está reduzido de uma unidade: se antes havia N nomes possíveis, agora haverá N-1, já que estará fora de questão repetir o nome do irmão mais velho. Portanto, a dificuldade de escolha terá sofrido uma diminuição relativa de 1/N. Isto admitindo, bem entendido, que não foram criados nomes novos entretanto, o que, tenho de reconhecer, é uma hipótese otimista, que nem sempre se verifica. Nestas condições, uma análise mais completa do problema leva-nos à conclusão de que, no caso geral de terem sido criados X novos nomes após o registo do irmão mais velho, o acréscimo relativo de dificuldade na escolha do nome do irmão mais novo será de (X-1)/N.
Por outro lado, manda o bom senso que o nome do segundo membro da prole seja da mesma classe, em termos gerais, que o primeiro. Não faria sentido, numa família estruturada e funcional, que, por exemplo, o primeiro filho se chamasse Quetzicoátl (nome que lamentavalmente foi descartado em primeira opção para o irmão mais velho do núcleo familiar que é o objeto desta nossa análise) e o segundo se chamasse José ou Manuel. Quando o nome do primeiro filho é Quetzicoátl, é lógico e natural que o do segundo seja, por exemplo, Xiuhcoátl, significando “serpente de fogo” (indiciando que o gaiato se tornaria ou sportinguista, como o pai, dada a proximidade biológica entre serpentes e lagartos, ou portista, dada a analogia entre serpente de fogo e dragão) ou  Cuauhtémoc, significando aproximadamente “águia voadora” (nome muito apropriado dadas as simpatias clubísticas da mãe). Mesmo assim, uma análise mais profunda, far-nos-ia neste caso optar por Iccauhtli, que significa precisamente “irmão mais novo”.

Encontramos exemplos desta preocupação com a regularidade onomástica em todos os ramos ascendentes do nosso novo gaiato ou gaiata. Por exemplo, da parte do pai, temos Duarte e João, nomes de reis portugueses, e Joana, nome de princesa; da parte da mãe, temos Vera e Diana, dois nomes breves de grande impacto, com subtis conotações britânicas, assim evocando a longa aliança entre o nosso País e a Inglaterra. As conotações britânicas, para quem andar distraído, provêm dos Beatles, através de dois dos mais célebres versos de Paul McCartney, na canção “When I’m sixty-four”, do álbum Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band:

Grandchildren on your knee
Vera, Chuck and Dave.

Quanto a Diana, é o nome de uma princesa inglesa bastante conhecida.

Um nível acima, encontramos o mesmo comportamento. Com a avó materna temos Maria João, Duarte Manuel e Maria Manuel. Regularíssimo, portanto: tal como no caso do pai, nomes de reis portugueses, e neste caso até para as raparigas. Com o avô materno: Pedro João e Luís Miguel, novamente o padrão dos reis portugueses. Com a avó paterna, Isabel e Helena, dois nomes trissilábicos com seis letras, que encontramos reunidos harmoniosamente também na simpática atriz Helena Isabel. Com o avô paterno, José Eduardo, não pudemos testar a nossa teoria, pois não teve irmãos.

A necessidade de selecionar um nome compatível com Xavier, nome do irmão mais velho, é óbvia e imperiosa. Para o caso de se tratar de um rapaz, seguimos a técnica dos avós maternos do pai, o avô Acácio e a avó Joana, de uniformizar o comprimento dos nomes e o número de sílabas, aperfeiçoando-a, igualando também o comprimento das sílabas e ainda o padrão vogais-consoantes.
Portanto, precisamos de um nome para o gaiato com seis letras, com três sílabas, cada sílaba com duas letras e com o padrão igual ao do irmão: consoante-vogal-consoante-vogal-vogal-consoante.

A busca foi trabalhosa, implicou muitas horas de estudo, mas encontrámos o nome perfeito, que passa em todos os critérios: Rafael.

Para o caso de ser uma rapariga, aligeiramos as restrições e contentamo-nos com a uniformidade do comprimento, mas alargamos ao mesmo tempo o âmbito do padrão sonoro de forma a permitir nomes que são palavras esdrúxulas, por serem os mais harmoniosos. Novamente após muito estudo, chegamos ao nome perfeito, para uma gaiata irmã de Xavier: só pode ser Olívia.

Note-se que Olívia segue o mesmo padrão sonoro que Amélia, nome da primita mais chegada em termos etários. Além disso, o uso de nomes femininos esdrúxulos com terminação no suave semiditongo “ia” está muito presente em vários dos ramos ascendentes do nossa gaiata: a avó Lúcia, avó paterna da mãe, a avó Mabília, avó paterna do pai, a avó Virgínia, avó materna do avó materno, avó Estefânia, avó materna do avô materno da mãe, etc.

Saltamos aqui a questão do acento agudo, por a considerarmos ultrapassada.

Além da semelhança lexicográfica, Rafael partilha com Xavier uma forte componente religiosa: Xavier é nome de um santo muito poderoso do século XIV e Rafael é nome de arcanjo que vem do antigo testamento.

Os arcanjos, recordemos, eram os anjos com patente mais alta, no exército de Deus, por assim dizer. Convencionalmente há sete arcanjos, cujos nomes na tradição católica são Miguel, Gabriel, Rafael, Uriel, Salatiel, Jegudiel e Baraquiel. Se os três primeiros nomes são relativamente comuns, os outros quatro nem por isso, o que é uma pena, pois são também muito interessantes. Ficam aqui registados uma vez que, quem sabe, podem servir numa próxima ocasião.

Rafael, nome de arcanjo, tem um significado bíblico à altura: “Deus cura” no sentido de “Deus é quem nos cura” ou talvez, digo eu, “Deus é quem nos salva”.

O arcanjo Rafael também é santo, tal como os seus colegas Miguel e Gabriel. É frequentemente representado com um peixe, circunstância que será certamente muito apreciada pelo Xavier, irmão mais velho do nosso Rafael, ictiófilo confesso.



A história do peixe é muito edificante, e merece ser lembrada:

Rafael surge na Bíblia disfarçado de gente, como companheiro de viagem de Tobias, enviado por Deus para curar o pai de Tobias da sua cegueira e libertar Sara, noiva de Tobias, da influência do demónio Asmodeu. Consta que Asmodeu, o demónio, se apaixonou por Sara e não queria que ela casasse com ninguém. De cada vez que Sara se casava, Asmodeu conseguia entrar no quarto nupcial e matava o noivo, antes de o casamento se consumar. Fez isto sete vezes. Sara estava desesperada, compreensivelmente.

Entretanto, o pai de Tobias, que morava na cidade de Nínive, na Mesopotâmia,  encarregou-o de ir buscar uma certa quantia em dinheiro numa cidade longíngua, Ecbátana, na Média, por feliz coincidência a cidade onde vivia Sara. Rafael, enviado por Deus, disfarçou-se de homem e ofereceu-se para acompanhar Tobias na viagem.

Durante a viagem, pararam certo dia nas margens do rio Tigre. Aí, quando Tobias lavava os pés, foi atacado pelo tal peixe, que quase lhe comeu o pé. Por sugestão do anjo, Tobias pescou o peixe e tirou-lhe o coração, as guelras, o fígado e a bexiga.

A viagem continuou, até que chegaram a Ecbátana. Nessa altura, Rafael contou a Tobias as terríveis provações por que Sara repetidamente passava,  e explicou-lhe que ele, Tobias, tinha o direito de casar com Sara, porque era primo dela e o parente mais próximo. Não sei o que terá Tobias pensado do assunto, mas, não se assustem: o anjo ensinou Tobias a queimar o coração e o fígado do peixe para afastar o demónio Asmodeu, quando ele atacasse na noite de núpcias.

O truque funcionou e o demónio foi parar ao Egito. Esta parte não percebi muito bem, mas o facto é que Asmodeu nunca mais voltou a chatear Tobias e Sara.

Houve uma grande festa, para celebrar o casamento e a vitória sobre o demónio, após o que Tobias e Sara regressaram a Nínive com o dinheiro do pai de Tobias. Para a felicidade ser mais completa, Rafael ensinou Tobias a usar as guelras do peixe para curar a cegueira do pai, e, depois revelou a sua identidade e voltou para o céu.

Descontando o arcanjo, que na verdade não é humano, o Rafael mais ilustre é o Rafael Santos de Urbino (em italiano Raffaello Sanzio da Urbino), pintor e arquiteto da Renascença, que com Miguel Ângelo e Leonardo da Vinci, forma a tríade de grandes mestres desse período.



Uma das obras mais famosas de Rafael é a Escola de Atenas, um esplêndido fresco na Stanza delle Segnatura, no Vaticano.

(escola de atenas)

Mais recentemente, temos o grande tenista espanhol Rafael Nadal, cujas inúmeras proezas tenísticas não caberiam neste breve texto. Vejam só esta amostra de alguns dos seus melhores pontos.
Portanto, o mundo tem três Rafaéis: um arcanjo, um pintor e um tenista. Nós teremos quatro: esses três e o novo rebento, irmão do Xavier.

Mas, se nascer uma menina, então será Olívia. Este é um nome de altíssima categoria literária, já que foi inventado por Shakespeare, talvez como variante do masculino Oliver ou do feminino Oliva. Mas atenção: enquanto Oliva é um nome de origem latina que significa “azeitona” (a palavra “azeitona” é de origem árabe), Oliver provém do germânico Alfher, onde encontramos o nosso conhecido elemento “alf”, que, como sabemos, significa “elfo” e que também está presente em Alfredo, nome considerado recentemente, e ainda “heri” que significa “guerreiro”, e que deu em português Álvaro. Portanto, Oliver em inglês seria Álvaro em português, e não Olivério, que também existe, e que é até o nome de um desportista famoso, Olivério Serpa. Segundo uma outra teoria, Oliver virá do nórdico Olaf, em português Olavo, que significa “filho do seu pai”, o que parece ser uma constatação redundante, mas temos de admitir que os viquíngues gostassem de realçar essa circunstância óbvia. Inclino-me para a primeira explicação, de que Oliver corresponde a uma deturpação na grafia de Álvaro, por analogia com o nome Olive, é verdade, e que, portanto, Olívia corresponderia a Álvara, com o bonito significado de “guerreira dos elfos”. No nosso caso, isto é um tiro na mouche.

Shakespeare inventou esse belo nome, Olívia, na sua peça Twelfth Night, or What You Will, uma comédia cujo título em português é Noite de Reis. Para quem não conhece, temos aqui um resumo e também uma gravura, onde vemos Malvólio (belo nome!) tentando fazer a corte à bela Olívia, que o esnoba descaradamente, enquanto a criada Maria faz um esforço para não se desmanchar a rir.



Há também um filme de 1996, baseado na peça, com o mesmo título, Twelfth Night, cujo trailer está aqui. Aposto que a nossa Olívia adorará este filme e as peripécias por que passa a heroína sua homónima. E nós teremos mais um filme para ver em família, divertindo-nos todos com a história e ao mesmo tempo desfrutando da felicidade da nossa Olívia.



Curiosamente, as principais Olívias são ficcionais: além da Olívia de Shakespeare, temos a Olívia Palito, célebre namorada de Popeye, na banda desenhada e, mais recentemente a Olívia Pope, na televisão.

Em relação à Olívia Palito, no entanto, há algumas questões a esclarecer. Primeiro, na verdade, ela não devia ser Olívia, mas sim Oliva. O nome do boneco, criado pelo cartoonista americano Elzie Crisler Segar, é Olive Oyl e não Olivia Toothpick. Quer dizer, a tradução do nome próprio deveria ser Oliva, que também existe em português, e corresponde a azeitona, tal como “olive” em inglês, e não a Olívia, que não tem nada a ver, como vimos.

Se Segar chamou ao boneco Olive e não Olivia, é porque queria distinguir. O nome Oliva existe com certeza em português, vindo diretamente do italiano. Aliás, há três santas italianas com esse nome: Santa Oliva de Bréscia, do século II,  Santa Oliva de Palermo, do século V, Santa Oliva de Anagni, também do século V. Todas estas eram Olivas (azeitonas), e não Olívias (guerreiras), se bem que atualmente se lhe dê este outro nome, erradamente, tal como demonstrámos.

Notemos que o erro está instalado e tristemente o nome Oliva nem sequer figura na lista de nomes autorizados.

Em relação a Olívia Palito, o apelido de família era Oyl, que faz o trocadilho com Olive, é claro, e não tem qualquer relação com a alegada magreza da personagem que o apelido escolhido no nome em português parece querer insinuar. De facto, Olive Oyl nem sequer era muito magra: era sim elegante. E não era particularmente feia: todos os bonecos do Segar na história do Popeye eram grotescos e exagerados, a começar pelo próprio Popeye.



Se estes bonecos não primam pela beleza, por outro lado nós conseguimos fotografias originais da Olive Oyl que provam que ela até era uma miúda gira e bem vestida:



Atualmente, a Olivia mais conhecida é a Olivia Pope, da série de televisão Scandal, interpretada pela atriz Kerry Washington. Ainda não vi, mas quero ver. Eis o trailer, para abrir o apetite.
Recentemente, a Kerry Washington foi considerada pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes, no mundo. Do pequeno texto sobre a atriz, extraio a parte relativa à Olívia Pope: “combina coragem e compaixão, força e vulnerabilidade, paixão, disciplina de aço e lealdade até ao fim”. Um belo modelo para a nossa Olívia, portanto.

Na vida real, ainda que também no mundo do espetáculo, temos a Olívia Newton-John, parceira do Travolta no filme Grease, onde cantavam de um para o outro “you’re the one that I want”, servindo de inspiração a todos os pares de namorados da altura. Vejam a fantástica versão original, extraída do filme, de 1978, e também a saborosa recriação de 2002. A nossa Olívia há de adorar o filme e rapidamente aprenderá a dançar e a cantar como a Newton-John, não tenho quaisquer dúvidas.



Olívia ou Rafael, já chega de nos fazeres esperar. Toca a nascer!

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Boa PASCOA!

E agora para um momento diferente, e super piroso! A familia de quase quatro foi a fotos no Domingo de Pascoa. E aqui fica o resultado - vale a pena clickar no link para ver o Xavier a apanhar (e a comer) os seus primeiros ovinhos da Pascoa!


Espero que gostem!

Beijinhos,

Vera

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Nome do dia: Valentina, Joaquim

Para escolher o nome dos filhos, onde buscam os pais inspiração? Preferencialmente na própria família, entre os antepassados do iminente gaiato ou da iminente gaiata, ou então na Bíblia, que é uma verdadeira mina de nomes, ainda muito inexplorada. Num e noutro caso, os nomes escolhidos estabelecem a ligação entre o passado e o futuro, fazendo-nos lembrar que a nossa passagem nesta vida é fugaz e que nós somos apenas um elo de uma longa cadeia biológica, que, como mandava Darwin, temos a missão de ir apurando. Ao mesmo tempo, e na perspetiva transcendente, somos membros dessa grande família que é a Humanidade, a qual a nossa religião dominante vê como os “filhos de Deus”.

Sendo assim, o ideal é um nome que seja simultaneamente familiar e bíblico.

O nosso nome para o gaiato cumpre esse duplo desiderato na perfeição: Joaquim, que vem do hebraico Yehowyaqiym, significa literalmente “Jeová ascende”, que talvez possamos reinterpretar como “Deus está no céu” ou “Deus sobe ao céu”. Mais bíblico que isto será difícil de arranjar.
Para mais, Joaquim era notavelmente o nome do avô materno de Jesus Cristo, tal como era o nome do avô materno do avô materno do nosso novo gaiato ou gaiata. Portanto, calha mesmo a matar.



É verdade que sobre Joaquim, em Portugal, paira um estranho preconceito, de que é um nome demasiado popular, indiciador de baixa extração social. Como se ser popular fosse defeito e a sociedade estivesse estratificada em classes altas, baixas e assim-assim. A isso nós respondemos: abaixo os preconceitos; viva o nome Joaquim!

Também existe a falsa ideia de que Joaquim é um nome muito usado em Portugal e pouco usado noutros países, a ponto de os brasileiros, por exemplo, estarem convencidos de que todos os portugueses se chamam ou Manuel ou Joaquim. Prova deste errado convencimento é a famosa cadeia de botequins, Manoel e Juaquim, operada por um par de portugueses que com humor decidiu pôr a render a precipitada generalização. Eu, quando vou ao Rio, vou sempre beber um chopinho ao Manoel e Juaquim de Copacabana, ali bem na avenida atlântica, ao pé do posto 3, e tenho a certeza de que o nosso gaiato fará o mesmo, quando lá for. Sendo ele Joaquim, isso dar-lhe-á ainda mais gozo do que ao seu avô materno, que não teve a sorte de chamar-se nem Manuel nem Joaquim.

Em Portugal, há alguns Joaquins, mas não são assim tantos. O mais ilustre de todos é o Joaquim Agostinho, o maior ciclista português de todos os tempos e o único desportista luso com reconhecimento à escala mundial, fora do futebol. 

O Joaquim Agostinho participou várias vezes na volta à França, e ficou em terceiro lugar em 1978 e em 1979. Mas, na volta à França, recordamo-lo sobretudo pela sua histórica vitória em 1979 na mítica etapa de Alpe d’Huez.

Atualmente o mais famoso Joaquim deve ser o de Almeida, estrela da sétima arte, especialista no papel de gansgter ou rei da droga mexicano e, mais recentemente, no papel de José Ribeiro, emigrante português em Paris, no setor do batîment, no maior êxito da bilheteira dos últimos tempos, o filme a gaiola dourada. Ei-lo, no cartaz, juntamente com a Rita Blanco, que fazia de Maria Ribeiro, mulher de José Ribeiro e concierge de profissão, comme il faut:


Vem a propósito, porque a nosso Joaquim surge no seio de uma família portuguesa, com certeza, esta no Luxemburgo.

Aqui está o trailer, onde pontifica a dita Rita Branca, famosamente chamando o seu filho: “Pedro Henriiiiiiiique!”

O Joaquim Agostinho, o Joaquim de Almeida e os botequins Manoel e Juaquim asseguram ao nome um imediato reconhecimento internacional. Mas entendamo-nos: ao contrário do que falsamente muitos creem, há imensos Joaquins de destaque por esse mundo fora que não são portugueses, nem pouco mais ou menos. Temos, por exemplo, o notável ator americano, colega do Almeida, Joaquín Phoenix, que vimos no filme Gladiador, no papel do maléfico imperador Cómodo (de seu nome completo César Marco Aurélio Cómodo António Augusto), filho do estimado imperador Marco Aurélio (de seu nome completo César Marco Aurélio António Augusto), interpretado pelo Richard Harris, e de Faustina, a Menor (de seu nome completo Ana Valéria Faustina, tal como a mãe, e por isso apelidadade de “a menor”), irmão da bela Lucília (de seu nome completo Augusta Ana Aurélia Valéria Lucília), interpretada pela igualmente bela atriz dinamarquesa Connie Nielsen, a qual era amiga do general Máximo Décimo Merídio, o bom da fita, interpretado pelo Russell Crowe; o simpático príncipe Joaquim da Dinamarca (sim, há Joaquins na Dinamarca!); e o célebre bailarino espanhol Joaquim Cortês.

Mais para trás, temos o compositor italiano Joaquim António Rossini (em italiano Giaochino Antonio Rossini), autor de muitas óperas entre as quais uma das mais populares: o barbeiro de sevilha, com a sua fantástica abertura e com a icónica ária “largo al factotum” (em português, “abram alas ao faz-tudo”). Outra peça de Rossini, que toda a gente conhece ainda que talvez sem saber de onde vem ou a quem atribuir, é a abertura da ópera Guilherme Tell. Eis aqui a segunda parte da abertura, e atenção ao minuto 2:48. Este era o tema da histórica série “The Lone Ranger” nos primórdios da televisão em Portugal. Lembro-me como se tivesse sido ontem daquela entrada espetacutar do justiceiro, a galope no seu belo cavalo branco, o Silver, o mais famoso cavalos do Oeste, ao som daquela música completamente eletrificante, terminando com o Silver empinando-se e com o grito “Aiouuuu, Silver!” (em inglês, “Hi Yo Silver!”) Se um dia o nosso Joaquim brincar aos cowboys e índios como o seu avô materno, há de querer ser o Lone Ranger, e correr de um lado para o outro, sonhando que cavalga o Silver, trauteando a música do Rossini.

Para quem não conhece o Lone Ranger, aqui está um episódio e aqui um filme completo, a cores, de 1956.

É importante referir que se o Joaquim Rossini nos alimenta a alma com as suas músicas fabulosas, também nos ajuda a alimentar o corpo com o fantástico bife de que ele terá sida inspiração, o tornedó Rossini:


Aqui está a receita, que não seria necessária, pois toda a gente saber fazer este bife nas calmas.
Rivalizando com o tornedó, agora no âmbito piscícola, temos uma das obras-primas da gastronomia nacional, uma iguaria igualmente inigualável, os jaquinzinhos, que podem vir fritos, com arroz de tomate ou com açorda, por exemplo, ou em escabeche.


Na verdade, segundo a Internet, os jaquinzinhos são assim chamados “em honra” de um popular 
artesão sesimbrense, carpinteiro naval, de seu nome Joaquim da Encarnação, que era pequenito e magrizela. Reza a lenda, esta aparentemente verdadeira, que um pescador sesimbrense regressava da faina, a qual, pelos vistos, não tinha sido grande coisa, e alguém lhe perguntou o que tinha apanhado. O pescador, que só tinha pescado uns pelins—um pelim é um carapau jovem, na gíria sesimbrense—respondeu, que apenas trazia “uns pelinzinhos tão pequeninos como o ti Jaquinzinho”. A fadista Hermínia Silva (de seu nome completo Hermínia Silva Leite Guerreiro, e portanto presumível prima afastada do nosso Joaquim) que ia a Sesimbra com alguma frequência, ouviu a história e, com a irreverência e bom humor que a caraterizavam, mudou a letra do fado “vou dar de beber à dor… com uma ginginhas” para “vou dar de beber à dor … com uns jaquinzinhos”. Depois, os jaquinzinhos passaram a integrar a ementa da sua casa de fados, Solar da Hermínia, e o nome alastrou por todo o país.

Portanto, temos ementa para as festas de aniversário do gaiato: entrada, jaquizinhos fornecidos pelo avô materno, está combinado; prato principal: tornedós Joaquim (Rossini). Estes deixo ao cuidado do avô paterno, que tem bons contactos com produtores de carne alentejanos e não tenho dúvidas de que conseguirá obter bifes à altura do acontecimento. Para as crianças, talvez se possa simplificar, fazendo hambúrgueres Joaquim em vez de tornedós.

A propósito de Joaquins Antónios, como o Rossini, temos entre nós o de Aguiar, que tem uma importante rua em Lisboa, ali entre as Amoreiras e o Marquês, e que todos presumimos dever ter sido um personagem importante (pudera, com uma rua daquelas!) mas sem sabermos que foi primeiro ministro (na altura dizia-se presidente do conselho de ministros) por três vezes, ali por meados do século XIX. A sua medida mais conhecida for a extinção da ordens religiosas, em 1834, quando era ministro da justiça, no reinado de D. Pedro IV. Por causa disso ganhou a alcunha de Mata Frades.         
Esta breve resenha revela bem o caráter universal e universalista do nome Joaquim. Mas, se tal não bastasse, temos ainda o casa da Coreia. Na Coreia, um dos nomes mais frequentes é Kim: Kim Il Sung (o grande líder), Kim Jong Il (o supremo líder), Kim Jong Un (o grande sucessor), etc. Ora, ao que consta, este nome foi lá deixado por um aventureiro português de nome Joaquim, que era muito prolífico. Como os coreanos tinham dificuldade em pronunciar a letra jota, abreviaram para Kim e hoje em dia metade dos coreanos chamam-se Kim e também a Kim Basinger. Esta história é muito boa, mas receio que seja apócrifa.

Se Joaquim é nome de grandes homens (o Agostinho, o Rossini, etc.), Valentina é nome de uma grande mulher: Valentina Tereshkova, a primeira mulher a ir ao espaço.

Sim, é também um critério muito válido na escolha de um nome para uma nova gaiata: assinalar o nosso respeito e a nossa homenagem a alguém que muito fez pelo progresso da humanidade.

Vivemos uma época em que, em muitas partes do mundo há igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres, e noutras ainda não, é verdade. Temos hoje mulheres em todas as profissões, mesmo aquelas que antes eram em exclusivo dos homens: motoristas de táxi, engenheiras informáticas, treinadores  de futebol, por exemplo. Se alguém ainda pensa que as mulheres não podem exercer qualquer profissão, mesmo as tradicionalmente reservadas aos homens, ou é parvo ou não conhece a história da Valentina Tereshkova. Entendamo-nos: se uma mulher vai ao espaço numa casquinha de noz daquelas, e dá 48 voltas à terra em menos de três dias, o que na época era mais do que o tempo no espaço de todos ao astronautas americanos somados, então não há limites. End of discussion!

Nem seria preciso dizer, mas é claro que o nome Valentina vem da forma feminina do latim Valensius, que deriva de valens, significando forte, saudável, vigoroso, poderoso, bravo, valioso, valente. Tudo epítetos que desejamos para a nossa Valentina e que a Tereshkova exibia por demais.

Outra Valentina de destaque é a Lisitsa, uma das mais populares pianistas da atualidade. Ei-la interpretanto para nosso deleite e, em breve para deleita também da nossa Valentina, algumas peças famosas: a sonata ao luar, de Luís Beethoven, a appassionata, do mesmo Beethoven, tocada nas ruas de Paris, a valsa minuto, de Frederico Chopin, a polonaise heroica, do mesmo Chopin, a rapsódia húngara de Francisco Lizst (sim, Francisco), a dança do mortos, do mesmo Lizst (uma das minhas pianadas favoritas, em geral), prelúdio em sol menor de Sérgio Rachmaninoff, a rapsódia sobre um tema de Paganini, do mesmo Rachmaninoff, a sétima sonata (“Estalinegrado”) de um outro Sérgio, o Prokofiev, ao vivo na estação de São Pancrácio, em Londres, e novamente do Luís Beethoven, a bagatela para piano “para a Elisa”.

E, finalmente, especialmente para ajudar a adormecer a nossa Valentina, a canção de embalar, outra vez de Chopin, tocada pela Valentina pianista.

Se estas duas Valentinas, a Tereshkova e a Lisitsa, são mulheres interessantes (quero dizer, interessantes enquanto mulheres propriamente ditas, aos olhos de um homem, já que não restam dúvidas que são interessantes em sentido lato) a Valentina mais interessante de todas é um personagem ficcional, representando uma marca de perfumes, num famoso anúncio rodado nas ruas de Roma, protagonizado pela simpática modelo dinamarquesa (da terra de um famoso Joaquim, portanto) Freja Beha.

Portanto, o nome Valentina vem equipado com um perfume, o que facilita imenso a escolha de presentes para a gaiata: oferece-se-lhe frascos de perfume com o seu nome. A miúda há de adorar e não se fartará, por muitos frasquinhos que receba.


Curiosamente, o nome vem também equipado com uma fonte (fonte no sentido de tipo de letra...), que teremos de instalar nos nossos computadores, pois aposto que a nossa Valentina quererá usar em exclusivo essa fonte com o seu nome, em vez das banais Calibri, Verdana ou Times Roman.

Há uma outro grande pormenor (passe o oximoro) a favor do nome Valentina: partilha a letra inicial com o nome da mãe. Isso será extremamente prático no futuro longínquo (longínquo sim, mas nem por isso devemos deixar de planear desde já) quando a gaiata, então já senhora completamente madura, tiver de herdar da mãe os lençóis bordados e outras peças monogramadas, por exemplo jóias.


Claro que esta observação monogramática se aplica igualmente ao nome do gaiato, Joaquim, que partilha a inicial com o seu pai. Não cremos que neste caso haja lençóis e fronhas em causa, mas sim acessórios absolutamente masculinos: relógios e canetas de ouro, gravatas de seda italiana, botões de punho, por exemplo.


Outro pormenor ainda, este menor que o enorme pormenor de há pouco, mas ainda assim não muito menor do que esse pormenor: dá-se o caso de o apelido materno do avô materno, ser precisamente Valente, o que constituía uma forte premonição de que mais cedo ou mais tarde, naquela linha genealógica, havia de aparecer uma Valentina. Pois bem: é agora!

Nem sempre o que parece é. Nem sempre o que é parece. Não pareceria a muitos, mas, vistas bem as coisas, ponderados os contras e o prós, e mesmo dispensando uma exaustiva análise FOFA, a conclusão é óbvia: se for gaiata, Valentina; se for gaiato, Joaquim.