novidades do miudo e da bebe

a pedido das famílias, aqui ficam as fotos e novidades do X-kid e baby Y

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Nome do dia: Raimundo

Nome do dia

Raimundo

Este é um nome de que toda a gente gosta. Há até uma famosa série televisiva chamada precisamente “Everybody loves Raymond”.

Não admira que gostem. Raimundo é um nome com uma sonoridade única, muito agradável e com muita personalidade. O áspero e forte ‘r’ inicial é imediatamente contrabalançado por um alegre e prazenteiro “ai”, ao qual se segue, num registo diametralmente oposto, um introspetivo “mun”, tudo terminando decrescentemente pelo suave, breve e quase sussurado “do”. Reparem que é uma palavra que requer uma grande ginástica facial, pois para dizer “rai” é preciso abrir bem a boca (já para não falar do gutural ‘r’, que muito exige da garganta) e para dizer “mun” é preciso fechá-la rapidamente, projetanto os lábios para a frente. Isto é um belo exercício vocal e o gaiato, ao aprender a dizer o seu nome, estará ao mesmo tempo a treinar-se para começar a articular palavras corretamente mais cedo do que os seu colegas de berçário.

O nome Raimundo é talvez o mais representativo da família dos nomes anglo-saxões terminados em “mundo”, da qual fazem parte outros interessantes nomes, como Edmundo, Segismundo, Faramundo, Osmundo, Blimundo (este agora muito popular na sua versão feminina, Blimunda, graças ao Memorial do Convento). O elemento “mundo” corresponde ao alto alemão “mund”, que significa “mão”, “ajuda” ou “proteção”. Portanto, todos aqueles nomes exprimem a ideia de proteção, o que é muito bonito. No nosso caso, Raimundo provém de Raginmund, onde o primeiro elemento “ragin”, tipicamente teutónico, significa “conselho” ou “justiça”, exprimindo também a ideia de sabedoria (a sabedoria que permite dar conselhos justos). Logo Raimundo é a mão da justiça ou a proteção da justiça, ou ainda aquele que protege a justiça. Qualquer um destes significados assenta como um luva ao nosso gaiato, que há de ser um homem justo e sábio e que saberá defender os mais desprotegidos.

Já agora, Edmundo é aquele que protege a riqueza, Segismundo, o que protege a vitória, Faramundo, o que protege a viagem (ou os viajantes), Blimundo, o que protege a felicidade. Quanto a Osmundo, parece querer transmitir a ideia de proteção divina. A propósito de Blimundo/Blimunda, não deixa de ser curioso, e muito significativo, que estes nomes de altíssimo valor literário nem sequer figurem na lista oficial dos vocábulos admitidos como nomes próprios, como aliás não figuram Faramundo, Osmundo e nem sequer o moderadamente popular Edmundo.

Paradoxalmente, mas em linha com os restantes nomes da mesma extirpe, o nome Raimundo é pouco usado em Portugal. No entanto, é popularíssimo em países mais próximos de nós como por exemplo em França, na forma Raymond, e nos Estados Unidos, onde o mesmo Raymond juntamente com as suas variantes ocupa a posição 36 na lista dos nomes masculinos mais populares. Em espanhol é o famoso Ramón, que nós confundimos ao pronunciar com jámon, mas é claro que são coisas diferentes…

Aliás, por influência da versão castelhana, o nosso Raimundo tornar-se-á fã da marcante banda de rock punk dos anos 70, 80 e 90, que tem o seu nome: os Ramones. Talvez o pai do gaiato não estivesse a par, mas perante esta pérola, vai envergonhar-se de não ter selecionado os Ramones para a banda sonora do dia 10 de setembro de 2011:http://www.youtube.com/watch?v=l4H9yZBjgSI.

A França é talvez o país dos Raimundos. Restringindo-nos ao século XX, temos dois famosos desportistas Raymond: o Poulidor e o Kopa (pronunciar Kopa com as duas vogais abertas). O Poulidor foi um ciclista famoso, dos anos 60 e 70, querido de todos os franceses, e não só, que ficou conhecido por “o eterno segundo”. De facto, ficou quatro vezes em segundo lugar na volta à França, que nunca conseguiu ganhar, e onde nunca vestiu a camisola amarela. É o ciclista que mais vezes subiu ao pódio no fim do Tour, juntamente com Lance Armstrong: oito vezes. Só que o Armstrong ganhou em sete dessas oito… Não obstante, o Poulidor é um símbolo. Lembro-me bem da angústia coletiva, a cada volta a França, para ver se era desta que o Poulidor ganhava. Nunca aconteceu. Faz jus à máxima “a tragédia de um homem não é perder: é quase ganhar.” Não ganhou a volta à França, mas ganhou muitas outras corridas, claro, e continua a ser uma referência, http://fr.wikipedia.org/wiki/Raymond_Poulidor.

Se em Portugal temos o Eusébio, o Figo e o Cristiano Ronaldo, em França (e os pais do gaiato, que moram lá perto podem confirmar) eles têm o Kopa, o Platini e o Zidane. O Kopa jogou primeiro do Stade de Reims, que, na altura, e estamos a falar dos anos 50, era a melhor equipa francesa, e depois, durante três épocas, no Real Madrid, equipa pela qual venceu três vezes a taça dos campeões europeus, em 1957, 1958 e 1959. No Real Madrid foi companheiro do Di Stéfano e do Puskas, duas outras lendas do futebol mundial. Kopa venceu também a taça latina em 1957,  pelo Real Madrid, frente ao Benfica, num jogo ainda hoje recordado com amargura pelos benfiquistas empedernidos. Foi também considerado um dos melhor jogadores do mundial de 1958, na Suécia, fazendo parte do All-Star team desse campeonato, http://en.wikipedia.org/wiki/FIFA_World_Cup_awards#All-Star_Team. Foi nesse mundial que se estreou, na seleção brasileira, um rapazito de 17 anos chamado Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido por Pelé.

No setor da relojoaria, e ali ao lado da França, na Suíça, temos o Raymond Weil, http://www.raymond-weil.com/. Esta circunstância facilita muito a tarefa de encontrar prendas para o gaiato: basta escolher um relógio Raymond Weil. Não são muitos os que podem gabar-se de ter no pulso um relógio com o seu nome. Para mim, que não me chamo Raimundo, pode ser este:

Do outro lado do Atlântico, também há muitos Raymonds. Um dos primeiros que eu conheci foi o Raymond Burr,http://en.wikipedia.org/wiki/Raymond_Burr, isto é, Perry Mason, http://en.wikipedia.org/wiki/Perry_Mason_(TV_series). Por pouco, eu próprio não fui para advogado, para ser como o Perry Mason e ter uma secretária como a Della Street. Quem nunca viu, pode recorrer à Amazon, começando pela primeira série, de 1957, http://www.amazon.com/Perry-Mason-Season-One-Vol/dp/B000F48D0Uu.


Ainda no mundo do crime, temos Raymond Chandler, escritor de livros policiais, criador do famoso detetive Philip Marlowe, imortalizado por Humphrey Bogart, não sem a ajuda da Lauren Bacall, no filme de 1946, “The Big Sleep”, ou, em português, “À beira do abismo. Watch the trailer: http://www.youtube.com/watch?v=VjJlBnfyiI4. Na verdade, nos primeiros tempos, Chandler foi um escritor de “pulp fiction”, um género de histórias publicadas em revistas baratas, que usavam papel de baixa qualidade (“pulp”, tal como na expressão “polpa de papel”, presumo), e inspirou-se precisamente nos livros de Earl Stanley Gardner, o autor das histórias do Perry Mason. A primeira obra profissional do Chandler foi publicada no Black Mask, uma revista “pulp”:




Recordemos, até para fazer a ligação para o próximo Raimundo, o célebre adágio de Philip Marlowe, que tinha queda para filosofar, certamente proferido num momento de desânimo após algum desaire amoroso, mas que não pode ser tomado à letra: “a woman will lie about anything, just to stay in practice”. Percebe-se a ideia, mas felizmente nem todas as mulheres são assim, como o nosso gaiato comprovará, em devido tempo.

Continuando no mundo do cinema, temos o conhecido ator Ray Liotta, de seu nome completo Raymond Allen Liotta, que é da família da Amelinha, pelo menos conhecido lado do pai, e que no divertido filme “Selvagem e Perigosa”, compõe o personagem Ray Sinclair (presumivelmente também Raimundo, portanto), psicopata, ex-marido da Melanie Griffith, que torna deveras infernal a aventura do pobre Jeff Daniels. Watch the trailer: http://www.imdb.com/video/screenplay/vi2091162905/. Mesmo assim, esperamos que o nosso Raimundo, quando chegar à altura de arranjar namorada, arranje uma a quem se possa aplicar a famosa tirada deste seu homónimo ator e personagem, neste caso dirigindo-se ao Jeff Daniels, que no filme era o Charlie, a propósito, bem entendido, da personagem da Melanie Griffith: “Charlie, you gotta fight for a woman like this.” E note-se que no filme a personagem da Melanie Griffith é um caso em que o adágio do Marlowe se aplica na perfeição.

Regressando ao rock, encontramos Raymond Daniel Manzarek, que usou o nome artístico Ray Manzarek, e que foi o teclista dos Doors, http://en.wikipedia.org/wiki/Ray_Manzarek. Uma das canções mais icónicas dos Doors, Light my fire, tem uma entrada memorável de órgão eletrónico pelo Ray Manzarek, que todos reconhecemos instantaneamente, mesmo os que ainda não eram nascidos nessa época fascinante de que os Doors são um elemento essencial: http://www.youtube.com/watch?v=iGQwAA3I-eQ.

No campo ficcional, existe um importante Raimundo na literatura de língua portuguesa e, mais do que isso, na telenovelística lusófona. Trata-se de Raimundo Falcão, mais conhecido por Mundinho Falcão, personagem central no romance de Jorge Amado, Gabriela, Cravo e Canela, e da correspondente novela Gabriela, http://www.youtube.com/watch?v=FBvUILjCSSc.

Esta novela Gabriela foi produzida no Brasil em 1975 e passou em Portugal em 1977. Foi um tremendo sucesso entre nós, e ainda hoje os que a viram a recordam com saudade. Os quatro personagens principais eram a atrevida cabocla Gabriela, interpretada por Sónia Braga, http://www.youtube.com/watch?v=o5MkXHTRexw´, o retrógrado cacique local, coronel Ramiro Bastos, interpretado por Paulo Gracindo, o bem-disposto “seu” Nacib, proprietário do bar Vesúvio, parceiro da bela Gabriela, interpretado por Armando Bógus e o nosso Mundinho Falcão, empresário exportador cacau, símbolo do progresso (em oposição ao coronel Ramiro), interpretado por José Wilker. http://www.youtube.com/watch?v=qx6_cWMSUic.

Portanto, Mundinho é o símbolo do progresso numa sociedade meio acomodada. É gente assim que faz falta!

Quem não viu, pode esperar mais um pouco e ver a nova versão, certamente a cores e em HD, que a Globo está a preparar lá mais para o fim do ano. No papel de Gabriela teremos a Juliana Paes, que não fica a dever nada à Sónia Braga, http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI284010-9531,00.html.

Se estes Raimundos têm alguma importância nas nossas vidas, o Raimundo mais importante mesmo é de uma outra época, mas também veio de França, como o Poulidor e o Kopa: é Raimundo de Borgonha, tio de D. Afonso Henriques, a quem devemos, ainda que indiretamente, a nossa identidade nacional.




Raimundo de Borgonha nasceu em 1059 e era filho de Guilherme I, conde da Borgonha. Dois dos seus irmãos, Reinaldo (Renaud) e Estêvão (Etienne), foram condes de Borgonha, sucedendo o primeiro ao pai e o segundo ao primeiro. Morreram ambos nas cruzadas. O terceiro irmão, Gui, foi papa entre 1119 e 1124, com o nome de Calixto II. Gente fina, portanto. Raimundo, rapaz mais sensato, em vez de ir para as cruzadas, veio para península ibérica, mas também para combater infiéis, acompanhando o duque da Borgonha, Odo I, que em 1086 veio ajudar na reconquista. Atenção: não confundamos os duques e os condes. Há os duques da Borgonha e os condes da Borgonha. São todos da Borgonha, mas, segundo entendi, os condes prestavam vassalagem aos duques. Faz sentido, portanto que Raimundo acompanhasse Odo e não o contrário. Quatro anos mais tarde, em 1090, Raimundo regressa e traz o primo Henrique, irmão mais novo de Odo. Nessa altura, Raimundo tinha 31 anos e Henrique 21. Apesar de Henrique ser filho do herdeiro do ducado (herdeiro esse que morreu antes de herdar), era um dos filhos mais novos e não tinha hipóteses de fazer carreira na Borgonha. Assim se compreende (digo eu…) que tenha vindo com o primo mais experiente, tentar a sorte por estes lados, certamente bem mais aprazíveis do que a hostil Palestina, que, não obstante, estava muito na moda naqueles recuados tempos.

Pouco depois de chegar, Raimundo casa com a filha do rei Afonso VI, de Castela e Leão. É sinal de que se deve ter portado bem, durante a primeira visita, quatro anos antes. Em 1093, é a vez de Henrique se casar, agora com a filha bastarda do rei Afonso VI, Teresa, que na altura tinha só 13 anos, enquanto Henrique ia nos 24. Aparentemente, o rei estaria muito grato a Henrique, pelos seus bons serviços contra os mouros. O resto da história já nós sabemos: Raimundo ficou com a Galiza, Henrique com Portucale, o filho do primeiro, Afonso Raimundes, tornou-se o rei Afonso VII de Castela e Leão, o filho do segundo, Afonso Henriques, chateou-se com a mãe, guerreou com o primo Raimundes (todos nos recordamos daquela cena em 1127, com Egas Moniz, aio de Afonso Henriques a convencer Afonso VII de que não era nada e que Afonso Henriques lhe continuaria leal) e transformou o condado de Portucale no reino de Portugal. Fast-forward até 2012, 901 anos após o nascimento de Afonso Henrique e aqui estamos nós, sempre em crise. Note-se que Afonso Raimundes e Afonso Henriques eram primos muito próximos, pois as mães eram meias-irmãs e os pais eram primos. Raimundes nasceu em 1104 e Henriques em 1111. Portanto, na cena do Egas Moniz com a corda ao pescoço, o rei de Castela e Leão tinha 23 anos e o seu primo mal comportado tinha 17. Tudo coisas de miúdos, portanto. Não admira que tenha dado no que deu. Não admira que o Afonso Henriques fosse um revoltado: o tio era mais influente do que o pai; a tia era uma celebridade mais importante do que a mãe, o primo mais velho era rei e sobrinho de um papa: como é que Afonso Henriques se havia de contentar apenas com um condadozito? Para uma cronologia dos acontecimentos, veja-se http://www.portugal-info.com/historia/segundo-condado.htm.

Raimundo: um nome fantástico, que explica tudo!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Nome do dia: Quetzalcóatl

Nome do dia

Quetzalcóatl

Aqueles de nós mais viajados reconhecerão instantaneamente das suas peregrinações mexicanas este belíssimo e melodioso nome, nitidamente formado por dois elementos provenientes da bonita língua náhuatl: quetzal e coátl. A palavra quetzal significa “pena” (como em “pena” de ave) e a palavra “cóatl” siginifica serpente. Logo “quetzalcóatl” é a serpente plumada:




Na verdade, Quetzalcóatl é o nome de um poderoso deus asteca: deus do vento, do nascer do sol, dos mercadores, dos artistas e, sobretudo, do conhecimento. Logo, com este nome, o gaiato está no bom caminho. É verdade, que sendo um nome pagão, o padre que o batizará pode torcer o nariz, ao que os pais replicarão que a tradição de nomes pagãos já há muito corre na família: veja-se o caso da tia Di.

O único inconveniente do nome é, reconheçamo-lo, o acento no ‘o’, para assinalar a sílaba tónica. Aliás, a pronúncia correta do nome é assunto de aceso debate e há até quem defenda que é impossível pronunciar. Os mais puristas quererão dizê-lo como os astecas, o que parece difícil, porque a língua náhuatl tem sons estranhos para nós, mas, no fim de contas, pronuncia-se como se escreve, tal como podemos confirmar em http://www.forvo.com/word/quetzalcoatl/.

Tratando-se um nome polissilábico, vem equipado com um bem ternurento diminutivo, Kétzi, que soa ainda melhor se dito repetidamente: kétzi-kétzi-kétzi. A mãe, as avós e as tias hão de querer tratá-lo assim, o que poderá tornar-se enjoativo, é verdade, mas confiamos que o pai, quando não tiver tempo para o chamar com as letras todas, recorrerá ao mais sintético mas muito efetivo “Ké”, que, por sinal, rima com “Zé”, nome do avô paterno.

Se o nome não for aceite pacificamente pelas autoridades luxemburguesas, com a desculpa esfarrapada que não é um nome tipicamente luxemburguês, os pais deverão invocar o importante ramo mexicano da família, o do tio-tataravô Vicente Guerrero, bravo lutador independentista e segundo presidente do México (ainda que só por alguns meses), filho de Pedro Guerrero e de Maria Guadalupe Saldanha, cujo nome de família foi usado para batizar um dos estados dos Estados Unidos Mexicanos, precisamente o estado de Guerrero, onde aliás Vicente Guerrero nasceu e onde se situa um dos mais requisitados destinos turísticos da zona, a bonita cidade de Acapulco. Logo, se o tio-tataravô é mexicano, torna-se legítimo utilizar para o gaiato um nome na mais pura tradição asteca.

O nome Quetzalcóatl, ainda que estranho, é muito bem estruturado. O primeiro elemento é quetzal, que, como vimos, significa pena na antiga língua náhuatl, mas também é o nome de um interessante pássaro da América Central:



O quetzal tem entre outras particularidades a de morrer se for aprisionado. Por isso, é com muita justeza considerado um símbolo da liberdade. O gaiato não se há de esquecer disso nunca, para mais trazendo o quetzal no seu nome.

O segundo elemento do quetzalcóatl é cóatl, que significa serpente, como vimos, mas que também encontramos em xocoatl. Ora xocoatl era a bebida dos astecas que os espanhóis trouxeram para a Europa e que acabou por evoluir para aquilo que hoje chamamos chocolate. Se não podemos viver sem liberdade, também é verdade que viver sem chocolate fica deveras desagradável. O gaiato há-de apreciar isso e talvez adote como divisa: “liberdade e chocolate”.

No entanto, não devemos induzi-lo em erro: o coatl de xocoatl não é o cóatl de quetzalcóatl. Com efeito, os elementos de xocoatl são xoco e atl e não xo e cóatl. Ora xoco significa amargo e atl significa água. Logo, paradoxalmente, chocolate para os astecas era uma água amarga. É verdade: originalmente o chocolate era uma espécie de droga, que devia saber bastante mal, e foram os europeus que tiveram a bela ideia de lhe juntar açúcar e leite, assim criando essa maravilha culinária.

O quetzal é também a moeda da Guatemala. Isso faz de Quetzalcóatl um membro do seleto clube dos nomes próprios também associados a nomes de moedas, como as extintas franco e marco. Quem sabe se isso não prenuncia que o rapaz há de fazer fortuna, talvez no negócio dos chocolates. Não nos espantaria se tal acontecesse, pois o pai também fez uma brilhante carreira no mundo dos lacticínios antes de enveredar pelas telecomunicações móveis.



Em Portugal, Quetzal é também nome de vinho, o vinho produzido na Quinta do Quetzal, concelho da Vidigueira. Nunca bebi, mas tenho a certeza de que é muito bom, e espero beber muitas vezes, mas sempre com moderação, à saúde do nosso Quetzalcóatl.


Finalmente, temos o quetzalcoatlus, um dos mais temíveis pterossauros, com a sua espantosa envergadura que chegava a mais de 10 metros:



O quetzalcoatlus é um dos maiores animais voadores de todos os tempos. Que pena estar extinto! Conhecendo nós a atração que os miúdos têm pelos animais jurássicos e cretácicos, é óbvio que o nosso gaiato adorará ter nome de dinossauro. Porquê negar-lhe esse pequeno orgulho e esse grande prazer?

Beijinhos

sábado, 21 de abril de 2012

Nome do dia: Pompeu

Nome do dia da semana:

Pompeu

Pompeu é um nome histórico com muitos pergaminhos, que inexplicavelmente está praticamente extinto. Temos a obrigação de o recuperar, não só porque é um belo nome, solene, sonoro, redondo e afirmativo, mas também para defender a língua portuguesa, enriquecendo-a por via da reciclagem dos formosos nomes de antigamente, que simultaneamente homenageiam personagens importantes da nossa história, alguns dos quais, como é o caso, injustamente postos de lado.

O nome Pompeu soa a romano, mas é de origem grega. Consultei peritos em grego antigo que me explicaram que o significado é ambíguo. Pode ser que provenha do verbo “pempo” que significa enviar, transmitir. Aliás, seria esta a origem do nome da bela cidade de Pompeia, perto de Nápoles, a tal que foi enterrada em cinzas em resultado da famosa erupção do Vesúvio, no ano 79 da nossa era. No entanto, é mais plausível que o nome Pompeu esteja relacionado com a palavra “pompe”, que significa “procissão”, “marcha solene”, da qual nitidamente deriva a palavra portuguesa pompa. Isto não fará do nosso Pompeu um gaiato pomposo, temos a certeza, mas emprestará um outro brilho e sumptuosidade à sua entrada em cena, daqui por dois meses e meio. A propósito recomendamos ao pai do gaiato que se equipe desde já com a marcha Pompa e Circunstância, do Edward Elgar, para por a por a tocar quando o gaiato estiver a nascer, http://www.youtube.com/watch?v=wo96_cm0TYI, caso a mãe não veja inconveniente.

Convém esclarecer que, apesar da semelhança, a palavra “pompe” não tem nada a ver com “vomvos”, também do grego antigo. É desta última que deriva a nossa “bomba”. O significado original, em grego antigo, é “barulho”. Faz sentido: uma bomba faz barulho. Apesar de a origem ser diferente, a proximidade sonora do nome Pompeu com a palavra bomba é muito interessante. Não auguramos para o gaiato uma carreira de bombista, é claro, mas temos a certeza que na sua meninice há de querer ser bombeiro.

Com Pompeu, prestamos a devida homenagem a Pompeu Magno, célebre general romano, parceiro de Júlio César e também de Crasso no primeiro triunvirato (hoje diríamos troika), nos anos 60 antes de Cristo. Mas a razão da nossa gratidão a Pompeu não é o seu trabalho no triunvirato. Aliás, o triunvirato acabou mal: depois de Crasso morrer, César e Pompeu desavieram-se e Pompeu, feito com Senado, e quem sabe, também com Astérix, tentou retirar a César o seu cargo de governador da Gália. César não gostou, veio da Gália em direção a Itália, atravessou o Rubicão (onde proferiu a celebra frase “alea jacta est”), conquistou Roma, e obrigou Pompeu a fugir para a Grécia. César foi atrás dele e Pompeu teve de se refugiar na Grécia onde acabou por ser assassinado. Vida gloriosa e trágica, a do homónimo do nosso gaiato.


No entanto, a parte da vida de Pompeu que verdadeiramente nos interessa aconteceu antes do triunvirato. Na verdade, foi Pompeu que venceu Sertório, na península ibérica, com isso definitivamente colocando a Hispânia sob o poder político de Roma, tornando-a uma província romana. Foi um hábil administrador, e terá sido com ele que isto tudo começou. Por “isto tudo”, refiro-me à atual configuração política na península ibérica, a qual resulta, em última análise, dos tempos do domínio romano. É verdade que o processo terá começado um pouco antes, com Sertório, mas de certa forma Sertório ainda estava envolvido com os lusitanos, combatendo os exércitos romanos, contrariando, portanto, o movimento em relação à plena assimilação. Tivesse Sertório vencido, e impedido que a organização romana se instalasse, talvez hoje falássemos, como os bascos, um dialeto estranho com raízes paleo-hispânicas, e não aquela que é a nossa bela e elegante língua, diretamente derivada do latim.

Plutarco relata assim a campanha de Pompeu na Hispânia, no seu elegante e escorreito inglês:

Pompey's career seems to have been driven by desire for military glory and disregard for traditional political constraints. In the consular elections of 78 BC, he supported Lepidus against Sulla's wishes. In 78, Sulla died; when Lepidus revolted, Pompey suppressed him on behalf of the Senate. Then he asked for proconsular imperium in Hispania to deal with the populares  general Quintus Sentorius, who had held out for the past three years against Quintus Caecilius Metellus Pius, one of Sulla's most able generals. The Roman aristocracy turned him down – they were beginning to fear the young, popular and successful general. Pompey resorted to his tried and tested persuasion; he refused to disband his legions until his request was granted. The senate acceded, reluctantly granted him the title of proconsul and powers equal to those of Metellus, and sent him to Hispania.

Pompey remained there from 76 – 71 BC; he was for long unable to bring the war to an end due to Sertorius' guerrilla tactics. Though he was never able to decisively beat Sertorius (and he nearly met disaster at the battle of ), he won several campaigns against his junior officers. His war of attrition did significantly weaken Sertorius, and by 74 BC, Metellus and Pompey were winning city after city. Finally, Pompey managed to crush the populares when Sertorius was murdered by his own officer, Marcus Perperna Vento , who was defeated in 72 by the young general, at their first battle. By early 71, the whole of Hispania was subdued. Pompey showed a talent for efficient organisation and fair administration in the conquered province; this extended his patronage throughout Hispania and into southern Gaul. Some time in 71 BC, he set off for Italy, along with his army.

Meanwhile, Crassus was facing Spartacus to end Rome's Third Servile War. Crassus defeated Spartacus, but in his march towards Rome, Pompey encountered the remnants of Spartacus' army; he captured five thousand of them and claimed the credit for finishing the revolt, which infuriated Crassus. Back in Rome, Pompey was wildly popular. On December 31, 71 BC, he was given a triumph for his victories in Hispania – like his first, it was granted extralegally.

To his admirers, he was the most brilliant general of the age, evidently favoured by the gods and a possible champion of the people's rights. He had successfully faced down Sulla and his Senate; he or his influence might restore the traditional plebian rights and privileges lost under Sulla's dictatorship. So Pompey was allowed to bypass another ancient Roman tradition; at only 39 years of age and while not even a senator, he was elected Consul by an overwhelming majority vote, and served in 70 BC with Crassus as partner. Pompey's meteoric rise to the consulship was unprecedented; his tactics offended the traditionalist nobility whose values he claimed to share and defend. He had left them no option but to allow his consulship.


Perante isto, é deveras lamentável que o nome Pompeu não seja também wildly popular no nosso país, mas estamos a cuidar disso, e não duvidamos que em breve passará a ser um nome muito requisitado. Devido à grande míngua de Pompeus em Portugal, tivemos muita dificuldade em localizar Pompeus ilustres, mas alguns existem, felizmente. O mais notável Pompeu dos nossos tempos é o Pompeu dos Frangos, em Oliveira do Bairro, o qual, aliás, registou o domínio www.pompeu.pt. Quem sabe se os pais do gaiato não quererão entabular desde já negociações com vista à aquisição do domínio, para oferecer ao gaiato juntamente com o seu primeiro iPad, talvez já para o ano que vem, no primeiro aniversário. Segundo o site, “o Pompeu dos Frangos é o pioneiro em Portugal do franguinho de churrasco”, feito notabilíssimo, que ombreia com a gloriosa campanha de Pompeu Magno na península ibérica, e que prenuncia para o gaiato uma brilhante carreira no mundo dos grelhados, nisso seguindo as experientes pisadas do seu avô materno, ainda que no setor não profissional.

Em segundo lugar, logo a seguir ao Pompeu dos Frangos, temos Pompeu Ferreira da Silva, fundador da atual Antiga Casa Pompeu, http://www.antigacasapompeu.pt, que é uma das marcas mais fortes no competitivo mundo da recuperação, reciclagem e valorização de resíduos, reconhecida por todos os entendidos, a nível mundial, e que foi com certeza um caso de estudo nas cadeiras de marketing que o pai do gaiato teve na faculdade.

Finalmente, Pompeu tem uma relação interessante a família do gaiato, pelo lado da avó materna, através do tio Fernando Pessoa, que, como sabemos, escreveu assim, no poema “Navegar é preciso”:

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".


Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


Ora quem inventou a frase “navegar é preciso” não foi outro senão Pompeu Magno, que a usou na esplêndida exclamação latina “navigare necesse est, vivere non est necesse!”, para ordenar aos seus marinheiros, amedrontados no meio de uma terrível tempestade, que rumassem do norte de África em direção a Roma.

Portanto, o nosso Pompeu tem com que se inspirar: se não for com os feitos guerreiros do seu Magno homónimo, será com as belas palavras de que o tio Fernando Pessoa fez mote.

Beijinhos

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Primavera na Holanda

Ola familia e amigos!
Enquanto esperamos todos pelo nome da semana que nunca mais chega - Avo P, despacha la esse P! - aqui ficam as fotos da viagem que fizemos a Holanda no inicio de Abril. Fomos ao Keukenhof, o festival das tulipas, a 30 mins de Amsterdao. Apanhamos o principio da primavera, por isso muitas flores ainda nao tinham aberto, mas nas fotos nem se nota!

Flores, flores e mais flores:



E claro as fotos da praxe a mostrar a barriga (aqui eram as 26 semanas do gaiato!)

Recomenda-se o passeio e ficamos cheios de vontade de la voltar daqui a uns anos com o miudo (para ele atirar pedras aos cisnes e fazer festinhas aos animais da quinta que la havia) e as avos (que iam as duas gostar muito deste cenario!)

Beijinhos e abracos!
Vera

segunda-feira, 16 de abril de 2012

28 semanas

Mais uma semaninha! Esta semana teve pouco que contar - muito trabalho durante a semana e um fim-de-semana na preguica. O Nicolau-Odorico continua a crescer a olhos vistos e estamos ansiosos por lhe dar mais uma espreitadela na proxima consulta que e ja esta semana.

Fica a foto do costume, desta vez tirada no parque de Monterrey no Sabado para mostrar que ja estamos em plena primavera no Luxemburgo!

Beijinhos e abracos,
V&J

domingo, 15 de abril de 2012

Nome do dia: Odorico

Nome do dia


Odorico

Palpita-me que muitos torcerão o nariz a esta sugestão, mas sem razão, como demonstrarei.

Em primeiro lugar, Odorico é um nome de impecável origem anglo-saxónica, da família dos nomes terminados em “rico”, como os notabilíssimos Frederico, Alberico, Cedrico e Ulrico, por exemplo. A esta família pertencem também nomes que, não terminando em “rico”, deviam terminar, se não fosse a evolução gráfica e fonética que ao longo dos séculos foram sofrendo, tais como Henrique e Rodrigo. Na origem, todos estes nomes, lá no alto alemão de onde provêm, contêm o elemento “rich”, que significa, não rico, como precipitadamente poderíamos supor, mas sim “rei” ou “chefe” ou “comandante”, aquele que está no topo da hierarquia do poder. A parte variável do nome qualifica o tipo de chefe que estamos a contemplar. Vejamos. Frederico vem de Friedrich = fried + rich; “fried” significa “paz”, logo Frederico é o chefe pacífico ou aquele que governa em paz ou ainda aquele que faz da busca da paz o objetivo do seu governo. Bonito nome, portanto. Alberico vem de Elberich = elbe + rich, “elbe” significa “gnomo”. Os gnomos são seres mágicos, que protegem a natureza e guardam os tesouros íntimos da humanidade, http://pt.wikipedia.org/wiki/Gnomo. Portanto, Alberico seria o rei dos gnomos, o que também é interessante, mas não confundamos com o execrável Leitão de Carqueja. Ulrico é a forma portuguesa do alemão Ulrich, o qual provém do antigo Udalrich = udal + rich: “udal” significa “nobre”. Logo, Ulrico é um chefe nobre. O caso de Cedrico é ambíguo: tanto pode ser “chefe famoso” com “chefe guerreiro”. Para o gaiato optaríamos, em segunda escolha, pelo segundo sentido, é claro. Henrique provém de “Heimirich” = “heim” + “rich”. Ora “heim” significa “casa” (interessante: deve ter a mesma origem que “home”, em inglês), pelo que Henrique será o rei da casa, o que imediatamente faz da tia Di a rainha, como nós todos estamos fartos de saber. Rodrigo provém de Hruoderich = hruod + rich; “hruod” significa fama, pelo que Rodrigo será um chefe famoso, mas a sua fama deve ser diferende da de Cedrico. A propósito, o nome Rui, sendo um diminutivo de Rodrigo, muito usado autonomamente nos países de língua espanhola ou de língua portuguesa, e por vezes grafado com ‘y’ no fim, também pertence a esta família, portanto, ainda que indiretamente. Podemos concluir, aliás, que Rui é um chefinho famoso ou então um chefe pouco famoso, sem desprimor para o Tio Rui, é claro.

E onde é que isto nos deixa em relação a Odorico? Pois bem: a minha investigação permitiu-me concluir que Odorico provirá de Ottorich = “otto” + “rich”; “otto” significa “rico”, e portanto o nosso Odorico será um chefe rico ou um rico chefe, e ambas as aceções são muito vantajosas. Reparem bem na dinâmica do nome: Odorico, em português, é odo+rico, mas “odo” significa “rico” e “rico” significa “chefe”. Temos portanto um nome que encerra em sim mesmo um significado impertinentemente cabalístico.

Outra particularidade notável de Odorico é ter três ocorrências da letra ‘o’, caso raríssimo na nossa língua e em qualquer outra língua, suspeito. Sendo esta letra ‘o’ a primeira que se aprende a escrever, a sua abundância em Odorico contribuirá decisivamente para que o gaiato se esmere nos seus ós, desenhando-os bem redondinhos logo de início, o que só pode levá-lo a desenvolver desde muito cedo um apurado sentido estético. Além disso, por esta via, será dos primeiros da sua aula a saber escrever o nome, o que lhe dará uma vantagem competitiva, que o pai, estudioso de marketing, não deixará de querer aproveitar.

Infelizmente, e, porque não dizê-lo, incompreensivelmente, Odorico é um nome muito pouco popular. Está mesmo na lista de nomes em perigo extinção iminente. Por isso, é nossa obrigação defendê-lo e promovê-lo, para que ele se torne frequente, e possa ombrear com Henrique, Frederico ou mesmo Rodrigo, assim enriquecendo a nossa língua, no setor dos nomes próprios.

Existe apenas um Odorico digno de referência (em breve passará a haver dois, logo que o gaiato comece a fazer das suas): Odorico Paraguaçu, prefeito de Sucupira, personagem central de “O Bem Amado”, telenovela de Dias Gomes, realizada em 1973, com Paulo Gracindo no papel principal.



“O Bem Amado” é talvez a melhor telenovela de todos os tempos, http://www.youtube.com/watch?v=_CiFORIJ6To. Foi escrita por Dias Gomes a partir de uma sua peça teatral, de título “Odorico, o bem-amado, ou os mistérios do amor e da morte”. Recentemente, em 2010, a história foi reformatada para formato filme, com um novo elenco, bem entendido: http://www.imdb.com/title/tt1410297/Watch the trailer:http://www.youtube.com/watch?v=F7h--OgFH7A.

É verdade que Odorico Paraguaçu não é um personagem muito recomendável e não desejamos que o gaiato, se optar por se dedicar à política, use os métodos do seu homónimo sucupirense. No entanto, esperamos que dele herde a elegância e sobretudo a eloquência. Veja-se por exemplo, o célebre discurso de Odorico Paraguaçu durante a campanha eleitoral, um exemplo que todos os políticos deviam estudar com atenção: http://www.youtube.com/watch?v=wvJY8RvWby4.

Odorico Paraguaçu foi também um grande inovador na língua portuguesa: devemos-lhe o conceito substantivo de “finalmente” que ele magistralmente cunhou no seu famoso slogan “deixemos de lado os entretantos e partamos para os finalmentes!” (no original: “vamos botar de lado os entretantos e partir para os finalmente”). Outra sua frase célebre, que também não devemos esquecer, sobretudo nos momentos de desânimo, é “cada problemática tem uma solucionática”.

Temos a certeza de que o pai e a mãe do nosso Odorico saberão ensiná-lo a distinguir o bem e o mal e a procurar as soluções justas para os problemas que a vida há de trazer, socorrendo-se de Odorico Paraguaçu como estudo de caso, sempre que isso puder ajudar.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Nome do dia: Nicolau

Nome do dia

Nicolau

Dificilmente poderíamos arranjar um nome melhor do que este. Provém do grego antigo Nikolaos, que é formado por duas palavras: “nike”, que significa “vitória”, e “laos”, que significa “povo”. Logo, Nicolau deveria significar “vitória do povo”. No entanto, peritos em grego antigo que consultei esclarecem que o Nicolau é sim aquele que conduz o povo à vitória. Não confundamos com Nicodemos, que tem o mesmo “nike” e o onde a segunda parte é “demos”, palavra grega que bem sabemos também querer dizer povo, ou não seja democracia o governo do povo (isto é, o governo exercido pelo povo). Logo, Nicodemos também será vitória do povo ou, igualmente, aquele que conduz o povo à vitória. Explicam-me os peritos que a diferença entre Nicolau e Nicodemos é uma questão de nível: no primeiro caso, povo é usado no sentido alargado de nação, é uma conceito em grande escala; no segundo, povo aproxima-se de sociedade, conjunto de cidadãos. Ou seja, Nicolau é um líder popular enquanto Nicodemos é um líder político. Entre um e outro, optamos pelo primeiro, não só pelo significado intrínseco do nome, como também por ser bafejado com aquele sonoro ditongo decrescente “au” no final, rimando perfeitamente com a palavra inglesa “now”, o que lhe garante um imediato reconhecimento internacional.

A parte “nike” de Nicolau é, como todos sabemos, o nome de uma das marcas mais famosas do mundo. Tenho a certeza que o gaiato adotará como seu o famoso logótipo:


É também um nome que dará muito jeito aos pais: quando o gaiato se armar em sonso e se recusar a cumprir uma ordem maternal ou paternal, bastará dizer-lhe com tom firme: "Nicolau, just do it"!

Em Portugal, o Nicolau mais conhecido é o Breyner. Vai em breve começar uma telenovela onde ele entra, chamada Louco Amor (que, convenhamos, é um belo nome para uma telenovela, tão bom que já houve uma novela brasileira assim chamada…) Nós, que somos fãs deste Nicolau, só esperamos que ele não morra logo no primeiro episódio, como aconteceu no Remédio Santo. É verdade que até o gaiato dar nas vistas, para o que não deve faltar muito, o Breyner praticamente tem o exclusivo do nome entre nós. Esclarecedoramente, um dos seus programas mais populares chamava-se precisamente “Eu Show Nico”, que foi para o ar em 1988. Para o caso de não conhecerem, selecionámos o episódio dos piratas, que os pais do gaiato deverão guardar para lhe mostrar quando ele não quiser comer a sopa.http://www.youtube.com/watch?v=KOCyXO6W5Wc.

Além disso, em vez da pusilânime cantilena “atirei o pau ao gato”, que é altamente indesejável, pelo seu apelo à violência contra os animais e pelas impróprias referências à morte, os pais, logo que possível, ensinarão ao gaiato a linda canção com que termina o episódio dos piratas, a qual encerra uma bela lição de vida:

Somos piratas,
Só não trazemos as gravatas.
Não sabemos fazer nós.
Há mais piratas
E com gravatas,
Que usam luvas,
Mas piratas somos nós!


A nível mundial, o Nicolau mais famoso (e bota famoso nisso!) é o São Nicolau de Mira, mais conhecido por Santa Claus ou por Pai Natal. Não confundamos: esta Mira não é a do distrito de Coimbra, conhecida pela sua bela praia, nem tem relação com Odemira, bonita vila alentejana nas margens do rio Mira, não longe de Colos, terra natal da tia-avó Luísa. A Mira do São Nicolau era uma cidade importante na Lícia, uma região histórica da atual Turquia, perto da turística Antalya, tão requisitada por alemães e, quem sabe, por luxemburgueses também.

As razões que levaram o bom do São Nicolau a trocar as belas praias da solarenga Riviera turca pelas geladas tundras da setentrional Lapónia continuam a ser um dos segredos mais bem guardados do Vaticano, que nem Dan Brown nem José Rodrigues dos Santos se atreveram a pôr em causa. O que é certo, como o gaiato aprenderá desde muito cedo, é que é da Lapónia que o São Nicolau parte cada ano para a sua meteórica viagem natalícia, transportando em rápidos trenós puxados por renas resmas de coloridos presentes para todos os gaiatos que se portaram bem. O nosso gaiato não facilitará e, partilhando o nome com o santo, sentirá a responsabilidade acrescida de se portar duplamente bem, comportamento esse que fará os pais bendizer a hora em que aceitaram esta nossa sugestão de nome. Só esperamos que a mãe do gaiato respeite a tradição e não passe a encomendar as prendas para o gaiato na Amazon, em vez de confiar nos serviços do santo. Santo este que, na devida altura, será responsável pela primeira grande desilusão da vida do gaiato, é verdade, quando ele descobrir que as prendas natalícias afinal não vêm da Lapónia, vêm sim da dita Amazon, ainda por cima com free delivery.

As principais atrações das ruínas de Mira são os túmulos na rocha, deveram impressionantes:


Há também uma igreja de São Nicolau, em Mira (atulamente chamada Demre ou Kale). São Nicolau era bispo de Mira e a igreja terá sido construída para albergar o seu túmulo. A igreja sofreu maus-tratos ao longo dos tempos, é claro. A que hoje podemos visitar corresponde essencialmente à estrutura do século VIII. http://www.sacred-destinations.com/turkey/kale-church-of-st-nicholas-myra.htm.

Onde também há uma igreja de São Nicolau é em Lisboa, na Baixa, muito perto da casa da tia Di:


Aliás, a tia Di reside na freguesia de São Nicolau, que é a freguesia que ocupa a parte central da Baixa: portanto, quando o gaiato for passar uns dias a casa da tia poderá dizer, com justificado orgulho: vou para a minha freguesia. Por outro lado, com a iminente fusão de freguesias, pode acontecer que a freguesia de São Nicolau deixe de existir, sacrificada às cegas e injustas exigências da troika.

Esta feliz coincidência de nomes, entre o gaiato e a freguesia da tia, sugere que o batizado se realize precisamente na igreja de São Nicolau, na Baixa. A tia com certeza irá falar com o padre, já que os pais do gaiato estarão no Luxemburgo, e depois o lanche será no quarto andar do número 101 da rua dos fanqueiros, logo ali ao pé da igreja, o que dá muito jeito porque se pode ir a pé.

Note-se que São Nicolau é o padroeiro das crianças e dos estudantes da instrução primária. Atendendo a que já observámos que Santo Isidoro é o padroeiro dos estudantes universitários, pode ser prudente, pelo sim pelo não, dar ao gaiato o nome duplo Nicolau Isodoro, pois assim o sucesso nos estudos fica praticamente garantido.

Descontando o santo e o Breyner, o Nicolau mais notável é o Copérnico.


Nicolau Copérnico, que nasceu na atual Polónia e viveu entre 1473 e 1543, estabeleceu a teoria heliocêntrica do sistema solar, segundo a qual os planetas descrevem círculos à volta do sol, o qual, portanto, é o centro do universo; o centro da terra é apenas o centro da gravidade e do círculo desenhado pela lua. Parece que as ideias de Copérnico, sem serem propriamente rejeitadas, não se tornaram dominantes. Aliás, a teoria de Tycho Brahe, uns anos depois, sustentava que a terra estava parada, o sol girava em torno da terra e os outros planetas giravam em torno do sol. Já no início do século XVII, Galileu retomou as ideias de Copérnico, acrescentando-lhes evidência experimental e metendo-se em sarilhos com a inquisição, como sabemos. A seguir veio Newton, que, já na parte final do século XVII, explicou tudo, com a teoria da gravitação universal.

Na nossa literatura, brilha Nicolau Tolentino, fino poeta satírico do século XVIII, autor do soneto mais popular da seleta de português do segundo ciclo, nos meus tempos do liceu, o soneto do colchão desaparecido:

Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa, a mãe ordena
Que o furtado colchão, fofo e de pena,
A filha o ponha ali ou a criada.

A filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz coa doce voz que o ar serena:
– «Sumiu-se-lhe um colchão? É forte pena;
Olhe não fique a casa arruinada...»

 – «Tu respondes assim? Tu zombas disto?
Tu cuidas que, por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?» E, dizendo isto,

Arremete-lhe à cara e ao penteado.
Eis senão quando (caso nunca visto!)
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado!...
 
No setor desportivo, o Nicolau mais importante é Nicolau de apelido: José Maria Nicolau, indubitavelmente um dos maiores ciclistas portugueses de todos os tempos. Os seus despiques com Alfredo Trindade, o seu rival e amigo sportinguista ficaram famosos e estão na origem da própria rivalidade entre os dois grandes clubes de Lisboa. http://www.youtube.com/watch?v=lUVED8yACCo. Nicolau venceu a volta em 1931 e 1934 e ainda hoje é considerado um ícone do benfiquismo. Aliás, como escreve um adepto no blog serbenfiquistade “quando o Benfica era Benfica! Quando o Clube era Grande em todos os sentidos! Saudades...”. Por seu lado, Trindade venceu a volta em 1933 e 1936 e “foi a primeira grande referência do ciclismo leonino”, a maior antes de Joaquim Agostinho. Se hoje Benfica e Sporting são o que são, em muito o devem a este par de grandes desportistas cartaxenses.

 .

Sei que a mãe do gaiato, com a sua costela benfiquista (que, esclareça-se, seguramente não herdou do avô materno do gaiato) será sensível a este Nicolau. O mesmo não posso dizer do pai do gaiato, que, sendo rapaz de muitas qualidades, não é perfeito (sei bem que a minha comadre discordará desta minha avaliação) e não deixa de ser um lagarto ferrenho. Aliás, temo que o pai, em contrapartida de Nicolau, exija que o secundogénito se chame Alfredo. Não acho mal, pois Alfredo também é um belo nome. Não vem ao caso, mas um dos meus filmes italianos favoritos é precisamente o “Alfredo, Alfredo”, com o Dustin Hoffman ainda novito.

Ator, santo, astrónomo, poeta, ciclista ou o que ele quiser: qualquer que seja a carreira que o gaiato escolha, ele tornar-se-á certamente uma referência e um ícone, tal como os seus cinco homónimos de hoje.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

27 semanas

Alo!

Enquanto esperamos que avance o alfabeto, aqui fica o update das 27 semanas. Aka: o inicio do terceiro trimestre! A barriga continua a crescer e o gaiato vai dando pontapes quando eu como chocolate, portanto a Pascoa foi animada. Este fim-de-semana foi comprido, gracas ao feriado de 'segunda-feira de Pascoa' aqui no Luxemburgo, que tambem foi dia de 'bird whistle festival', uma feirinha no centro da cidade onde se vendem sobretudo apitos a imitar passarinhos. Only in Luxembourg! Para alem disso os pais do gaiato aproveitaram o fim-de-semana para ir fazer compras, montar cortinas no quarto, contar roupinhas de bebe, e cozinhar um mega Easter brunch com direito a scones de queijo e fiambre, muffins de noz e chocolate e french toast com blueberry compote. Yum!

E hoje, para acabar o fim-de-semana em grande, soubemos que do lado dos Tios Duarte e Ines se confirma UM PRIMO para Outubro, com quem o Mauricinho ja planeia grandes conversas via skype e tropelias em Cabrela.

Fica a foto habitual para o registo... (e para os mais atentos que repararam que falhamos o update das 26 semanas eu prometo um catch up em breve - e que as 26 semanas foram passadas em Amsterdao, por isso tem direito a fotografias extra que e preciso escolher!)

Beijinhos,
Vera

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Nome do dia: Maurício

Nome do dia

Maurício

Este é, sem dúvida, um dos nomes portugueses mais bonitos e mais bem sonantes. Começa pela elegante e sinuosa consoante ‘m’, que é a letra maternal, e tem dois ditongos, característica rara: primeiro o belo ditongo decrescente “au” e no fim o primoroso ditongo decrescente “io”. Pelo meio temos um suave mas maroto ‘r’ e um sibilante e atrevido ‘c’.

Além disso, é uma palavra esdrúxula, o que é sempre muito bom, excetuanto a necessidade do acento, que o acordo ortográfico não conseguiu eliminar. Mesmo assim, uma vez que a letra que precisa de ser acentuada é um ‘i’ e já tem bolinha, a presença ou ausência do acento nota-se menos.

Finalmente, a primeira sílaba é “mau”, que nos remete imediatamente para esse grande líder entre nós conhecido por Mao Tsé-Tung, que nos deixou tantos ensinamentos preciosíssimos tais como “o comunismo não é amor: é um martelo com o qual esmagamos o inimigo” (não te esqueças, Maurício), “as diferenças entre amigos apenas reforçam a amizade”, “a guerrilha deve mover-se por entre o povo tal como os peixes se movem no mar”, “a rã, no fundo do poço, pensa que o céu é um pequeno círculo azul; se subisse à superfície, ganharia uma perspetiva completamente diferente”. Portanto, não podemos augurar ao nosso gaiato senão uma ilustre carreira política: quem começa pelo marxismo-leninismo-maoismo, mais cedo ou mais tarde vai parar a Bruxelas. Não, não foi o Mao que disse isto, fui eu mesmo.



A palavra “Maurício” corresponde nitidamente ao latim “Mauricius” que, por sua vez, é a versão estendida de “Maurus”. Ora a palavra latina “maurus” provém do grego antigo “maurus”, que tem vários significados, entre os quais “escuro”, que foi o que prevaleceu em latim. Ou seja, Maurício significa “que tem a pele escura”. Aliás, da palavra latina “maurus” deriva também a palavra “mouro”: os mouros eram assim chamados pelos outros, porque tinham a tez mais escura, não porque viessem da Mouraria!

Se o nosso gaiato não vem da Mouraria, mas sim do Luxemburgo, a verdade é que o avô materno nasceu nesse típico bairro lisboeta, cujo nome evoca os seus moradores de há um milénio atrás. Portanto, Maurício é um nome que corre na família.

Como se isso não bastasse, do lado desse mesmo avô materno, cujas raízes são algarvias, o gaiato receberá muito sábios genes mouriscos, pelo que o nome é duplamente bem aplicado.

Através do nome Maurício, os mais argutos reconhecerão também uma homenagem àquele que é o português mais bem sucedido da atualidade, José Mourinho. De facto, o apelido “mourinho” significa com certeza “mouro pequeno”, e daí a ligação. Mas atenção que o nosso gaiato não será apenas um mourinho; há de sim ser um mourão!

Portanto, para inspiração, o gaiato pode usar o Mao e o Special One. Se isso não lhe bastar e se tiver queda para a música, escolherá o Maurício Ravel, célebre compositor francês, autor daquela obsessiva peça “Bolero” (e de muitas outras também), que alguns de nós associamos com saudade à Bo Derek no emblemático filme “10”, título difícil de entender à primeira, e que foi traduzido para português pela bem descritiva e apropriada mas um tanto pirosa expressão “Uma mulher de sonho”. Watch the trailer: http://www.imdb.com/video/screenplay/vi2545746201/


O gaiato orgulhar-se-á do seu nome Maurício e achará muita graça a haver um país com o seu nome. Na verdade, em português é costume chamar Maurícias a esse país, no plural e no feminino, porque, pensamos nós, ocupa várias ilhas, as ilhas Maurícias. Não é bem assim: o nome oficial do país é Republic of Mauritius, ou seja, a república do Maurício, e não das Maurícias, http://www.mauritius.net/. Na verdade há um arquipélago, no oceano Índico, a leste de Madagáscar, chamado ilhas Mascarenhas. As ilhas principais são é a ilha Maurício, que com mais algumas ilhas constitui um país independente, e a ilha da Reunião, que faz parte da União Europeia, por ser território francês. O nome do arquipélago foi-lhe dado em lembrança do navegador português Pedro Mascarenhas, que por lá passou em 1512. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Mascarenhas_(1470).

Na verdade, a ilha da Reunião e a ilha Maurício foram descobertas por outro navegador português, Diogo Fernandes ou Diogo Fernandes Pereira, http://en.wikipedia.org/wiki/Diogo_Fernandes_Pereira. No decurso de uma expedição à Índia, o Afonso de Albuquerque ter-se-á desentendido com o almirante Tristão da Cunha, que mandou a frota fazer uma paragem exploratória em Madagáscar, e optou por seguir diretamente para a Índia, contornando pela direita a ilha (de Madagáscar) então chamada ilha de São Lourenço, colocando o seu navio, o Cisne ou o Cirne, sob o comando de Diogo Fernandes. Na sua volta, Diogo Fernandes deu com a ilha agora chamada da Reunião, que ele batizou de ilha de Santa Apolónia (porque lá chegou no dia dessa santa, 9 de Fevereiro) e depois, navegando para leste descobriu a ilha agora chamada Maurício, a que, por falta de nome de santo disponível, deu o nome do seu navio: ilha do Cirne.

Como nós sabemos, naquela época, os portugueses queriam era a Índia e não se preocuparam em colonizar aquelas ilhas perdidas no meio do mar, onde não havia nem pimenta nem canela. Mais tarde, em 1598 chegaram os holandeses, que deram à ilha o nome que com que ela ficou, em honra do príncipe Maurício de Nassau, que na altura era o “governador” das “províncias unidas dos países baixos”, http://en.wikipedia.org/wiki/Maurice_of_Nassau,_Prince_of_Orange. Este Maurício distinguiu-se militarmente por andar à traulitada com os espanhóis durante muito tempo, precisamente da altura dos Filipes. Não sabemos se devemos aplaudir, porque os Filipes eram os Filipes, ou protestar, porque nos ficou com a ilha e ao malhar nos Filipes estava também a malhar-nos em nós.

A bandeira de Maurício é simples e colorida e o gaiato há de considerá-la como sendo a “sua” bandeira. Não há muitos nomes próprios que tenham uma bandeira associada e isto é um verdadeiro luxo que não podemos menosprezar.


Mas a república de Maurício não é a única intervenção importante do nome Maurício na geografia mundial: temos, na Suíça, St. Moritz, onde muitos de nós costumamos ir passar as férias de inverno, http://www.stmoritz.ch/. Ora Moritz é Maurício em alemão. Portanto, o gaiato assim já sabe onde passar férias: para a neve vai para St. Moritz, para o mar vai ou para Maurício ou para Cabanas.

O nome Maurício é muito mais difundido, nas suas variantes, do que poderíamos pensar. Por exemplo, em inglês medieval, Maurice era Morris. Esta palavra é facilmente reconhecida mas associamo-la não ao nome próprio que representa, mas sobretudo aos automóveis. Aliás, ambos os avôs do gaiato tiveram Mini Morris, o que temos de aceitar que só pode ter sido uma forte premonição.


Esta observação automobilística dá-nos a deixa para divulgar desde já o nome da mana que há de vir a seguir. Se o gaiato tem nome de carro, a gaiata também terá de ter: será Mercedes, sem dúvida.

Beijinhos